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PF indicia ex-gerente da Abreu e Lima por corrupção

O ex-gerente da refinaria confessou ter recebido propina da Odebrecht e de Shinko Nakandakari

Glauco Legatti: ex-gerente procurou a força-tarefa da Lava Jato para prestar "esclarecimentos de forma espontânea" (Pedro França/Agência Senado)

Glauco Legatti: ex-gerente procurou a força-tarefa da Lava Jato para prestar "esclarecimentos de forma espontânea" (Pedro França/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 10h40.

São Paulo - A Polícia Federal (PF) indiciou o engenheiro Glauco Legatti, ex-gerente da Refinaria de Abreu e Lima (RNEST), empreendimento bilionário da Petrobras em Pernambuco, por corrupção passiva e organização criminosa.

O despacho de indiciamento também atribui os crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa ao lobista Shinko Nakandakari, apontado pela Operação Lava Jato como operador de propinas, e ao executivo Erton Medeiros Fonseca, ligado à Galvão Engenharia.

Abreu e Lima, em Recife, foi o primeiro alvo da Operação Lava Jato no âmbito da Petrobras. A investigação apontou um superfaturamento bilionário.

No início de novembro, Legatti procurou a força-tarefa da Lava Jato para prestar "esclarecimentos de forma espontânea", após ter sua tentativa de delação premiada frustrada.

O ex-gerente da refinaria confessou ter recebido propina da Odebrecht e de Shinko Nakandakari e entregou documentos que comprovariam suas declarações.

O indiciamento de Legatti se refere a "crimes de corrupção passiva, por ter recebido vantagem indevida alcançada pela Galvão Engenharia, em razão da sua função como gerente da RNEST, e de pertinência a organização criminosa".

"Glauco Legatti, em sua reinquiricão, confessou espontaneamente o recebimento de recursos alcançados por Shinko Nakandakari. Afirmou que, por volta de 2013, Shinko lhe entregou uma caixa de whisky com dinheiro dentro; que a oferta em questão estava associada a obtenção de benesses em favor da Galvão Engenharia no âmbito do projeto RNEST. Que a entrega de dinheiro ocorreu mais duas vezes, no mesmo modus operandi (dentro de caixa, em um hotel). Nega, contudo, ter recebido o total informado por Shinko (R$ 400 mil), afirmando que recebeu um valor aproximado de R$ 120 mil, a única aparente discrepância com relação ao relato do colaborador Shinko", afirma o documento.

O despacho de indiciamento é subscrito pela delegada federal Renata da Silva Rodrigues, que cita os supostos pagamentos repassados pela Odebrecht a Glauco Legatti.

"Os pagamentos teriam ocorrido até 2014, e teriam totalizado US$ 7 milhões. Glauco relatou, ainda, suas atuações em favor da Odebrecht, e que teriam consistido em contrapartida pelos pagamentos", aponta o documento, que cita o executivo Rogério Araújo, ligado à Odebrecht.

"Entendo que eventual acordo de colaboração com Rogério Araújo (conforme amplamente divulgado na imprensa) certamente irá trazer todos os elementos necessários para a corroboração ou não das alegações de Glauco, especialmente quanto a titularidade das contas utilizadas por Rogério Araújo para os pagamentos em favor de Glauco no exterior."

A delegada afirmou ainda: "por consistir em fato não contido no objeto inicial deste IPL, deixo de examinar tais fatos relatados por Glauco e relacionados à Odebrecht, os quais deverão ser objeto de apuração própria por ocasião do compartilhamento de eventual acordo de Rogério Araújo e no qual haja indicação de investigação preliminar."

Defesas

O advogado Luis Gustavo Rodrigues Flores, que defende Glauco Legatti, disse que o indiciamento "não é uma surpresa". "Já esperávamos", afirmou o criminalista. O espaço está aberto para manifestação dos defensores dos outros indiciados.

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