Marcelo Miller, ex-procurador da Lava Jato (MPMG/Divulgação)
Clara Cerioni
Publicado em 11 de setembro de 2017 às 06h56.
Última atualização em 11 de setembro de 2017 às 09h55.
São Paulo - A Polícia Federal (PF) faz buscas na casa dos empresários Joesley Batista e Ricardo Saud nesta segunda-feira, 11. Os agentes também cumprem mandados de busca também no Rio de Janeiro. O alvo é a casa do ex-procurador da República Marcelo Miller.
Miller, que agora atua como advogado, é acusado de fazer jogo duplo em favor da J&F e também de envolvimento na polêmica que pode levar ao cancelamento do acordo de delação da JBS.
Em nota, ele afirmou estar à disposição da Justiça para auxiliar a investigação.
Joesley Batista e Ricardo Saud, cujas prisões foram decretadas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, por violação do acordo de colaboração premiada, se entregaram na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo, no domingo, 10.
Saud foi o primeiro a chegar. Por volta de 14h, Joesley, que partiu da casa do seu pai, nos Jardins, na zona sul, também chegou. Ambos usaram carros particulares para ir à sede da PF.
O ex-procurador é o pivô do escândalo que enfraqueceu a delação da JBS e as denúncias contra o presidente Michel Temer. Miller trabalhou próximo do atual PGR, Rodrigo Janot, nas investigações da Lava Jato, entre 2014 e 2016. Sua principal atribuição era negociar as delações premiadas da operação.
Ele deixou o cargo em abril deste ano para trabalhar no escritório Trench, Rossi e Watanabe, que representava a J&F nas negociações do acordo de leniência do grupo. O acordo de leniência é empresarial, mas também negociado com o Ministério Público.
Seu nome veio à público na semana passada, quando os irmãos Batista anexaram mais documentos à delação. Em um dos áudios, Joesley afirma que Miller estava atuando para influenciar Janot nas decisões sobre o acordo. Essa reviravolta, levou Janot a determinar a revisão do acordo de colaboração da J&F.
No despacho, o PGR disse que Miller “estaria auxiliando os interlocutores, inclusive a pretexto de influenciar a decisão do Procurador-Geral da República, em futura negociação de acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal”.
Em nota à imprensa, a assessoria de Miller afirmou ter colaborado com as buscas e disse que continua à disposição:
"Marcello Miller recebeu com tranquilidade o pedido de buscas no seu apartamento e colaborou apresentando tudo o que foi solicitado.
Ressalta que continua à disposição, como sempre esteve e sempre estará, para prestar qualquer esclarecimento necessário e auxiliar a investigação no restabelecimento da verdade."