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PF aponta pagamento de R$ 5,5 milhões em propina a líder do governo

Investigação indica o recebimento dos valores, entre 2012 e 2014, quando o parlamentar era ministro da Integração Nacional no governo Dilma

Bezerra: "Há diversos indícios da prática de crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro", diz despacho do STF (Moreira Mariz/Agência Senado/Flickr)

Bezerra: "Há diversos indícios da prática de crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro", diz despacho do STF (Moreira Mariz/Agência Senado/Flickr)

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Clara Cerioni

Publicado em 19 de setembro de 2019 às 14h06.

Brasília — A Polícia Federal (PF) aponta, na investigação sobre suposto esquema criminoso envolvendo o líder de governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, indícios de pagamento de propina de até R$ 5,5 milhões ao parlamentar, quando o parlamentar era ministro da Integração Nacional no governo Dilma Rousseff.

Acordos de colaboração premiada de três empresários implicaram o senador e seu filho, o deputado federal Fernando Filho, alvos de mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (19), em Brasília, no Recife e em Petrolina (PE), cidade natal da família.

Segundo a Polícia Federal, há diversos elementos de prova que indicam o recebimento dos valores, entre 2012 e 2014, pagos por empreiteiras, em razão das funções públicas exercidas pelos parlamentares.

"Há diversos indícios da prática de crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro", afirmou o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, autor da decisão que autorizou a operação. Leia na íntegra a decisão do STF

"O montante total das vantagens indevidas chegaria, segundo a autoridade policial, a pelo menos R$ 5.538.000,00", acrescentou.

As ações fazem parte da Operação Desintegração, desdobramento da Operação Turbulência.

Em Pernambuco, seu reduto eleitoral, Bezerra foi secretário no governo de Eduardo Campos, morto em 2014. Ele também foi líder de Michel Temer no Senado no ano passado.

Ao todo, o senador é alvo de cinco inquéritos, dois deles por supostos crimes contra a lei de licitações quando era prefeito de Petrolina, dois de quando era secretário estadual e um de quando foi ministro.

A manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) foi contra a busca e apreensão nos endereços de Fernando Bezerra Coelho.

"Não há indícios de que ele registrasse os atos praticados, pois, ao contrário, adotou todas as medidas para manter-se longe deles, de modo que a medida invasiva terá pouca utilidade prática", disse a então procuradora-geral Raquel Dodge.

Com a repercussão da operação da PF, o parlamentar admitiu entregar o cargo de liderança do governo de Jair Bolsonaro no Senado.

Defesa

O advogado André Callegari, que defende Fernando Bezerra e Fernando Coelho Filho divulgou nota sobre a operação desta quinta-feira.

"Causa estranheza à defesa que medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos que não guardam qualquer razão de contemporaneidade com o objeto da investigação. A única justificativa do pedido seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados interesses dos órgãos de persecução penal. A defesa ainda não teve acesso ao pedido e à decisão do ministro que autorizou as medidas, mas pode afirmar que as medidas são desnecessárias e extemporâneas".

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