Brasil

PF afirma que Glesi recebeu R$ 885 mil em propina

A Polícia Federal afirmou que a senadora Gleisi Hoffmann recebeu R$ 885 mil em esquema de corrupção investigado na operação Custo Brasil da Lava Jato

O quinto repasse feito para a senadora de R$ 300 mil teria como origem a empresa TAM Linhas Aéreas (Adriano Machado/Reuters)

O quinto repasse feito para a senadora de R$ 300 mil teria como origem a empresa TAM Linhas Aéreas (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de maio de 2018 às 12h29.

Última atualização em 17 de maio de 2018 às 18h27.

Brasília - A Polícia Federal (PF) concluiu no inquérito em que investiga a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que foram encontradas evidências de que a presidente nacional do PT recebeu R$ 885 mil de um esquema de corrupção alvo da Lava Jato.

No relatório final do caso, enviado ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado Ricardo Hiroshi Ishida apresenta cinco repasses de valores que teriam sido recebidos pela senadora e que podem ser enquadrados nos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

Quatro repasses citados, segundo a PF, estão relacionados a empresa Consist, investigada na operação Custo Brasil, desdobramento da Lava Jato em São Paulo. O quinto, no valor de R$ 300 mil, teria como origem a empresa TAM Linhas Aéreas, mas os documentos sobre o pagamento também foram apreendidos na Custo Brasil.

Todos os pagamentos, segundo a PF, foram efetuados por meio do escritório do advogado Guilherme Gonçalves, que atuou para a senadora e para seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo.

Na operação, deflagrada em 23 de junho de 2017, foi preso Paulo Bernardo - solto seis dias depois por ordem do ministro do STF Dias Toffoli. O alvo da investigação é a assinatura de um contrato entre o Ministério do Planejamento, o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (SINAPP) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC).

O objeto do contrato era a gestão de empréstimos bancários consignados para evitar que trabalhadores excedessem a cota permitida por lei. Após a assinatura do contrato, as entidades contrataram a Consist Software Ltda.

O esquema criminoso envolvendo a Consist, segundo a PF, teria desviado cerca de R$ 100 milhões de contrato assinado quando Paulo Bernardo, marido da presidente do PT, era ministro do Planejamento. Ele ocupou o cargo entre 2005 e 2011.

Ao analisar planilhas apreendidas na operação, ouvir pessoas envolvidas e mapear o caminho do dinheiro por meio de quebra s de sigilo, a PF encontrou indícios de que, juntos, o casal Gleisi e Paulo Bernardo e pessoas ligadas a ele receberam cerca de R$ 7 milhões do "fundo consist".

"Tais pagamentos aparecem como tendo sido feitos regularmente pelo escritório de Guilherme Gonçalves, mas na realidade tratavam-se de valores de corrupção recebidos pelo escritório de Guilherme Gonçalves", explica o delegado no relatório.

Repasses

Além dos valores repassados para Gleisi Hoffman, a PF mapeou que o "fundo consist" foi utilizado para pagar pessoas próximas a senadora - e, também, para custear gastos de sua família. Ouvido no inquérito, um dos funcionários do escritório de Guilherme Gonçalves, Luis Henrique Bender, afirmou que seu patrão pagava os honorários para um advogado de Paulo Bernardo.

Além disso, segundo Bender, em determinada ocasião, Gonçalves solicitou que ele comprasse um videogame Nintendo 3DS "para o filho do ministro". De acordo com Bender, o único ministro que frequentava o escritório era Bernardo.

TAM

Ouvido sobre o repasse de R$ 300 mil da TAM para seu escritório, o advogado Guilherme Gonçalves confirmou que não houve prestação de serviços por parte de seu escritório. Segundo ele, o valor teria "sido pagamento de honorários de campanha de Gleisi Hoffman em 2010".

A informação sobre o pagamento foi encontrada pela PF em uma planilha chamada "eleitoral Gleisi" apreendida com o advogado Guilherme Gonçalves na Custo Brasil. O ex-presidente da TAM Marco Bologna foi ouvido duas vezes pelos investigadores. Na primeira, não soube das explicações sobre a contratação do escritório de advocacia de Gonçalves.

No segundo testemunho, Bologna disse que o ex-diretor Jurídico da empresa poderia ter mais informações e acrescentou que não havia motivo ou contrapartida para fazer pagamento à senadora e seu marido. Ouvido, o ex-diretor jurídico Luiz Cláudio Mattos afirmou que Bologna foi responsável pela indicação para contratação do escritório de Guilherme Gonçalves.

Procurada, a assessoria de Gleisi Hoffman não respondeu aos contatos feitos pela da reportagem. O espaço está aberto para manifestações.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoGleisi HoffmannOperação Lava JatoPolícia FederalPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Oito pontos para entender a decisão de Dino que suspendeu R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão

Ministro dos Transportes vistoria local em que ponte desabou na divisa entre Tocantins e Maranhão

Agência do Banco do Brasil é alvo de assalto com reféns na grande SP

Desde o início do ano, 16 pessoas foram baleadas ao entrarem por engano em favelas do RJ