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Peixe recém-descoberto em Goiás já está ameaçado de extinção

Pesquisadores descobriram na Gruta da Tarimba, em Goiás, nova espécie de peixe troglóbio, que vive exclusivamente em ambientes subterrâneos, como cavernas

O peixe ituglanis boticario, ameaçado de extinção, descoberto na Gruta da Tarimba, em Mambaí (GO) (Reprodução/Sociedade Brasileira de Zoologia/ABr)

O peixe ituglanis boticario, ameaçado de extinção, descoberto na Gruta da Tarimba, em Mambaí (GO) (Reprodução/Sociedade Brasileira de Zoologia/ABr)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2015 às 20h07.

Pesquisadores brasileiros descobriram na Gruta da Tarimba, em Mambaí (GO), nova espécie de peixe troglóbio, que vive exclusivamente em ambientes subterrâneos, como cavernas.

Batizado com o nome de ituglanis boticario, ele já é um peixe ameaçado de extinção, “porque é frágil, tem populações pequenas, é endêmico de um sistema de cavernas e tem uma série de características que já o tornam ameaçado”, revelou hoje (10) a professora Maria Elina Bichuette, da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo - uma das coordenadoras da pesquisa.

Segundo ela, a pecuária é séria ameaça à existência dessa espécie de peixe, pois o entorno das cavernas de Mambaí é todo ocupado pela expansão agrícola, em especial a pecuária, que é bem forte naquela região de Goiás.

A descoberta coloca o Brasil em segundo lugar no ranking global de peixes subterrâneos, atrás apenas da China, que catalogou 40 espécies de peixes de caverna, enquanto o Brasil registra 28.

Maria Elina destacou que a importância da descoberta é ainda maior para aquela região específica de Goiás, que é um foco forte de diversidade de peixes subterrâneos, com valor para o país e toda a América do Sul.

“A gente tem ali, só em uma região de 60 quilômetros quadrados, oito peixes troglóbios. Isso é extremamente relevante. Coloca a região em destaque na América do Sul”.

Maria Elina avaliou que o Ituglanis boticario pode ajudar o governo na elaboração de políticas públicas que protejam a biodiversidade. Para a região, essa é a primeira espécie de peixe troglóbio descrita.

Essa espécie pode funcionar como um guarda-chuva. “É uma espécie importante, endêmica, que protegeria todo o sistema da [Gruta da] Tarimba. Mesmo que a gente não tenha descrito todas as espécies da região, a gente tem essa proteção a priori, porque essa espécie já se configura como frágil, é super potencial para exames na lista de fauna ameaçada. Mesmo não estando na lista, a gente já considera ameaçada e tem todos os elementos para elencar, pelo menos, como vulnerável. Tem ocorrências pequenas e ameaça no entorno, que é o desmatamento”.

O peixe descoberto pode subsidiar a criação de uma unidade de conservação para proteção integral do local, como a proposta pelos pesquisadores ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“Já tem informações suficientes para proteger uma parte dos habitats ali”. Não há nenhuma unidade de conservação na área. A mais próxima, que é o Parque Estadual de Serra Ronca, fica a 60 ou 70 quilômetros em linha reta, disse Maria Elina.

O ofício pedindo a criação de uma unidade de conservação para a região da Gruta da Tarimba foi encaminhado ao ICMBio em novembro de 2014, mas não houve resposta até o momento, relatou a pesquisadora.

Ela acrescentou que o Ituglanis boticario tem papel ecológico importante, porque é um predador de topo de cadeia e mantém o equilíbrio de outros animais da região.

“Se eu retiro um predador de topo, posso causar desequilíbrio, porque teria de controlar todas as outras populações de animais”, ressaltou.

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