Pazuello nega ter negociado Coronavac com intermediários
Em nota, ex-ministro afirmou que vídeo no qual aparece com intermediários da venda da vacina foi um encontro 'unicamente para cumprimentar os representantes da empresa'
Reuters
Publicado em 17 de julho de 2021 às 16h24.
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello negou, em nota, o conteúdo de reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre uma suposta negociação com intermediários para a compra de doses da vacina contra covid-19 Coronavac.
- A política vai seguir dando o tom na bolsa? Vai. E você pode aproveitar as oportunidades. Aprenda a investir com a EXAME Academy
"Enquanto estive como ministro da Saúde, em momento algum negociei aquisição de vacinas com empresários", disse Pazuello na nota, reiterando afirmação anterior feita na CPI da Covid, quando disse que a um ministro não cabe negociar com empresas.
Segundo a Folha, Pazuello teria participado da negociação para a compra de 30 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac por quase três vezes o preço oferecido pelo instituto Butantan, que produz o mesmo imunizante no Brasil com insumos chineses.
Em vídeo divulgado na sexta-feira, Pazuello comemora com um grupo de empresários o que ele diz ser um acerto prévio para o contrato de aquisição das vacinas contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac, em um encontro que teria ocorrido em 11 de março. No vídeo, no entanto, não são mencionados valores, tampouco é possível aferir a data da reunião.
A reportagem da Folha diz ter tido acesso à minuta de um contrato entre o ministério e uma empresa de comércio exterior de Santa Catarina, a World Brands, especializada em importação de vários produtos, inclusive itens médicos.
No vídeo, o então ministro aparece com quatro homens não identificados, um deles oriental, e afirma que o encontro foi para tratar da possibilidade da compra de "30 milhões de doses, em uma compra direta com o governo chinês".
"Já saímos daqui hoje com o memorando de entendimento já assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato para podermos receber essas 30 milhões de doses no mais curto prazo possível", diz Pazuello no vídeo.
Na nota em que apresenta sua explicação dos eventos relacionados com o vídeo, divulgada no final da noite de sexta-feira, Pazuello afirma que a mencionada reunião com os representantes da World Brands "ocorreu após um pedido formal endereçado ao Ministério da Saúde, conforme documento colacionado em anexo".
No documento a World Brands Distribuidora S.A se diz habilitada a representar a Sinovac Biotech Ltd. no Brasil.
"Diante da importância da temática, determinei à Secretaria Executiva do Ministério da Saúde que fizesse uma pré-sondagem acerca da proposta a ser ofertada pela World Brands Distribuidora S.A (Sinovac Biotech Ltd.)", diz o ex-ministro na nota.
"Ante a importância da temática, uma equipe do Ministério da Saúde os atendeu e este então ministro de Estado --que detém o papel institucional de representar o Ministério da Saúde-- foi até a sala unicamente para cumprimentar os representantes da empresa, após o término da reunião", continua Pazuello.
Segundo ele, "a Assessoria de Comunicação do Ministério da Saúde então sugeriu que fosse realizada a gravação de um pequeno vídeo de memória, para posterior publicização dos atos".
"Após a gravação, os empresários se despediram e, ato contínuo, fui informado que a proposta era completamente inidônea e não fidedigna", afirma o ex-ministro.
"Imediatamente, determinei que não fosse elaborado o citado Memorando de Entendimentos - MoU-, assim como que não fosse divulgado o vídeo realizado", acrescenta o ex-ministro.
O ministério não chegou a assinar qualquer contrato com a World Brands. Em nota divulgada pelo Ministério da Saúde na sexta-feira, a pasta informou que a atual gestão, sob comando do ministro Marcelo Queiroga, não tem conhecimento de memorando de entendimento para aquisição de doses da Coronavac.
Procurada pela Reuters na sexta-feira, a World Brands informou que não tinha ainda um posicionamento.
- Quer saber tudo sobre o ritmo da vacinação contra a covid-19 no Brasil e no Mundo? Assine a EXAME e fique por dentro.