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Pazuello negociou compra extra de Coronavac com intermediários

Compra previa 30 milhões de doses a um preço três vezes superior ao pago para o Instituto Butantan pelo mesmo imunizante

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 (Jefferson Rudy/Agência Senado)

(Jefferson Rudy/Agência Senado)

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Gilson Garrett Jr

Publicado em 16 de julho de 2021 às, 13h54.

Última atualização em 16 de julho de 2021 às, 14h51.

O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, negociou a compra de 30 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac por meio de um representante no Brasil, a World Brands, uma empresa de Santa Catarina que lida com comércio exterior. A negociação foi revelada pela Folha de S. Paulo nesta sexta-feira, 16, e confirmada por EXAME. Um vídeo gravado no Ministério da Saúde mostra o general dizendo que tinha assinado um memorando de entendimento.

A revelação se soma a outras duas supostas irregularidades expostas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado, sendo o maior escândalo do governo do presidente Jair Bolsonaro até o momento.

O vídeo é do dia 11 de março e estava fora da agenda oficial do ministro. “Já saímos daqui hoje com o memorando de entendimento já assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato para podermos receber essas 30 milhões de doses no mais curto prazo possível para atender a nossa população”, diz Pazuello na gravação.

No dia 14 de março, o ex-ministro pediu para deixar o comando do Ministério, alegando que precisava se concentrar em um tratamento de saúde. A exoneração saiu no dia seguinte. Pazuello foi substituído pelo médico Marcelo Queiroga, atual comandante da pasta.

A Folha de S. Paulo conseguiu os detalhes da proposta que a World Brands fez ao Ministério da Saúde. De acordo a reportagem, o preço por dose seria de 28 dólares, com depósito de metade do valor de compra até dois dias após a assinatura do contrato. A empresa receberia uma comissão entre 0,70 e 0,85 centavos de dólar por dose.

Meses antes dessa negociação, o Ministério da Saúde já tinha comprado 46 milhões de doses da Coronavac com o Instituto Butantan. Logo depois, assinou um outro contrato para a aquisição de mais 54 milhões, fechando o lote total de 100 milhões. Em toda essa negociação, cada dose teve um custo de 10 dólares.

O vídeo publicado nesta sexta-feira contradiz o que Pazuello disse em depoimento à CPI no Senado. No dia 19 de maio, o ex-ministro afirmou que não liderou negociações para a compra de vacinas, dizendo que não cabia a um ministro fazer isso.

“Eu sou o dirigente máximo, eu sou o decisor, eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro”, disse Pazuello em depoimento à CPI.

O uso de uma empresa intermediária se assemelha muito ao suposto esquema de desvio de dinheiro na compra de 400 milhões de doses de vacina da AstraZeneca, que não foram concretizados. Nesta proposta, o intermédio seria feito pela Davati Medical Supply.

No começo de julho, em depoimento à CPI, Luiz Paulo Dominguetti, representante da empresa, disse ter recebido pedido de propina do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, para prosseguir com a negociação. A oitiva foi marcada por dúvidas e polêmicas.

Dias antes deste depoimento, outro suposto esquema foi revelado pelo servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda. Segundo ele, houve irregularidade na compra da vacina indiana Covaxin, a um preço muito superior ao praticado por outros laboratórios. O valor do contrato é de 1,6 bilhão de reais, o que dá um preço de 15 dólares por dose, mas o governo decidiu suspender a negociação.

Em depoimento na sexta-feira, 25, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), irmão de Luis Ricardo, colocou no olho do furacão o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR). De acordo com o parlamentar, ao levar a informação de uma possível corrupção no processo de compra da vacina, o presidente Jair Bolsonaro teria dito que era “coisa” do Barros.

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