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Pauta moral vai ajudar ou bloquear reformas? Congresso se divide, diz XP

Congresso eleito acredita em aprovação da reforma da Previdência em 2019 mesmo sendo menos favoráveis do que o Congresso atual em relação à idade mínima

37% dos deputados e 53% dos senadores eleitos entrevistados são a favor da idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens (Paulo Whitaker/Reuters)

37% dos deputados e 53% dos senadores eleitos entrevistados são a favor da idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens (Paulo Whitaker/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 14h07.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 18h41.

São Paulo - A agenda de costumes tão discutida na campanha eleitoral vai facilitar ou dificultar a aprovação das reformas econômicas? Não há consenso sobre isso no Congresso Nacional.

É o que mostra uma pesquisa da XP Investimentos feita com 202 congressistas, deputados e senadores atuais eleitos, entre os dias 20 de novembro a 4 de dezembro.

Como a distribuição partidária e ideológica dos congressistas que aceitaram responder não reflete de forma exata a distribuição na totalidade das casas, a pesquisa deve ser vista mais como um termômetro do que como uma tradução definitiva do sentimento do Legislativo como um todo.

Como previsto, a Câmara atual vê a questão com mais reserva. 31% acham que pode facilitar enquanto 40% acham que pode dificultar e 23% acham que a questão é "neutra", não ajuda nem atrapalha.

Na Câmara que toma posse em 2019, 34% acham que a agenda de costumes pode facilitar a agenda de reformas, enquanto 33% acham que pode dificultar e 27% acham que não ajuda nem atrapalha.

Já no Senado, a porcentagem daqueles que acham que a pauta moral dificulta a pauta econômica é próxima nas duas legislaturas: 45% na atual e 47% na que vai tomar posse.

Mas enquanto apenas 9% dos senadores atuais acham que a agenda de costumes facilita a agenda de reformas, o número dobra para 20% entre os senadores que ainda vão assumir.

A porcentagem dos senadores que veem a questão como neutra também é muito maior na atual legislatura (36%) do que na próxima (20%).

A pesquisa será feita a cada três meses, com o objetivo de "formar séries históricas que evidenciem as impressões dos congressistas sobre a própria relação e a de suas Casas com o Executivo, e a avaliação que fazem dos estados atual e futuro da economia brasileira".

Previdência

Se depender da opinião atual dos congressistas, Bolsonaro terá o apoio necessário para aprovação de um reforma da Previdência, que ele já anunciou querer votar no primeiro semestre.

Pelo levantamento, 79% dos deputados eleitos acreditam na necessidade de um projeto que modifique as regras da Previdência. Além disso, 68% avaliam ser provável que uma reforma constitucional sobre o tema seja aprovada no ano que vem.

No Senado eleito, 73% dos senadores acreditam na necessidade de uma reforma da Previdência e 33% acham que com toda certeza o projeto será aprovado no ano que vem e 47% falaram que provavelmente será aprovada em 2019.

A dúvida é sobre que tipo de reforma será feita, e até que ponto ela será capaz de conter o aumento dos gastos públicos e da crise fiscal.

Na Câmara atual, 54% acham que a deve ser mantida ou elevada a idade mínima da proposta do governo de Michel Temer, que prevê uma transição para 62 anos para mulheres e 65 para homens.

O apoio a este aspecto cai para 42% na Câmara eleita. 22% dos deputados atuais e 33% dos deputados eleitos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

No Senado atual, 73% são a favor da idade mínima nesse nível ou até maior, 20 pontos percentuais acima dos 53% favoráveis no Senado eleito.

24% dos congressistas atuais apoiam idades mínimas menores ou que ela sequer exista, algo com poucos paralelos no mundo. O número sobe para 26% nos deputados eleitos.

Só 9% dos senadores atuais querem idade mínima maior ou inexistente; a taxa triplica para 27% entre os eleitos.

Relacionamento

O levantamento mostrou também que 24% dos deputado eleitos consideram o relacionamento com Bolsonaro, ótimo ou bom, 11% acham que é regular essa relação e outros 18% péssimo.

Já no Senado, 53% dos parlamentares eleitos disseram ter uma relação ótima ou boa com o presidente eleito, 20% disseram regular e 27% dizem ter um relacionamento péssimo com Bolsonaro.

Confiança na economia

Na percepção sobre a economia, os políticos tem opiniões próximas às da média da população ao avaliarem a situação atual, mas se mostraram mais pessimistas em relação ao futuro.

Para 62% dos congressistas entrevistados acreditam que a economia está ruim ou péssima, assim como 60% da população.

Quando a pergunta foi em relação ao futuro, 38% dos congressistas acreditam que a economia estará boa ou muito boa nos próximos seis meses, contra 51% na população.

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