Para BC, nível de incerteza está acima do usual
De acordo com a ata do Copom, exemplo dessa incerteza está na expansão da demanda interna em um cenário de reduzida ociosidade nas fábricas
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2010 às 10h48.
Brasília - Os diretores do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), reconhecem que o atual quadro econômico ainda tem nível elevado de incerteza. "O Comitê reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza acima do usual, no qual os riscos restantes para a consolidação de um cenário inflacionário benigno se circunscrevem ao âmbito interno", citou a ata da reunião de outubro do Copom. De acordo com o texto, divulgado hoje, um exemplo dessa incerteza pode ser vista na expansão da demanda interna em um cenário de reduzida ociosidade nas fábricas.
"A esse respeito, é importante destacar que no passado recente tem sido observada certa estabilidade, em nível elevado, da taxa de ocupação da capacidade instalada", registrou o texto. A ata destaca ainda que é possível observar "certa moderação no dinamismo do mercado de trabalho". Essa acomodação, porém, só ocorre na iniciativa privada. Ou, como cita o texto, "ex-administração pública". "Nesse contexto, é plausível afirmar que os fatores de sustentação desses riscos domésticos mostram desaceleração", afirmou o documento.
Visão dos analistas
Na ata, os diretores do BC reconhecem que tem ocorrido uma divisão entre os economistas quanto à avaliação do cenário inflacionário. O texto explica ainda que "uma parte (dos analistas) percebe um cenário inflacionário benigno, no qual a taxa Selic permaneceria estável no horizonte relevante; ao mesmo tempo que outra parcela mostra ceticismo e advoga elevação da taxa básica". Ainda nesse trecho da ata, os membros do Copom reafirmam que, para o BC, os riscos "restantes para a consolidação de um cenário inflacionário benigno se circunscrevem ao âmbito interno". Atualmente, a Selic (a taxa básica de juros da economia) está em 10,75% ao ano. Já o centro da meta de inflação do governo para 2010 e 2011 é de 4,5%.
Curto prazo
A ata da reunião de outubro citou algumas vezes que a recente pressão de alta observada nos preços já estava contemplada nos cenários previstos pelo BC. Ou seja, a inflação maior não pegou ninguém de surpresa. No trecho 27 do documento, por exemplo, os diretores citam que "desde a última reunião, está em andamento a materialização de riscos de curto prazo com os quais o Copom já trabalhava naquela oportunidade".
Mesmo com a confirmação desses riscos de curto prazo, o Copom reafirma que "o balanço de riscos atual ainda aponta para a concretização de um cenário benigno, no qual a inflação seguiria consistente com a trajetória de metas". Essa convergência da inflação com a meta, segundo o BC, se deve "em grande parte" "ao ajuste da taxa básica implementado desde abril".