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Para 65%, Bolsonaro é o principal responsável por auxílio emergencial

Pesquisa exclusiva Exame/IDEIA mostra que a maioria da população atribui ao presidente Jair Bolsonaro o benefício. Aprovação do governo é de 38%

Pesquisa Exame/IDEIA mostra que, entre os que recebem o auxílio emergencial, 25% afirmam que sua aprovação do governo melhorou após ganharem o benefício (Marcos Corrêa/PR/Divulgação)

Pesquisa Exame/IDEIA mostra que, entre os que recebem o auxílio emergencial, 25% afirmam que sua aprovação do governo melhorou após ganharem o benefício (Marcos Corrêa/PR/Divulgação)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 2 de setembro de 2020 às 10h52.

Última atualização em 2 de setembro de 2020 às 12h52.

O presidente Jair Bolsonaro é o principal responsável pela concessão do auxílio emergencial de 600 reais para 65% da população. Apenas 32% dos brasileiros atribuem o valor ao Congresso Nacional.

Os dados fazem parte de uma pesquisa exclusiva da plataforma Exame/IDEIA, projeto que será lançado nos próximos dias que une Exame Research, braço de análise de investimentos de Exame, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.

O levantamento foi realizado com 1.235 pessoas, por telefone, em todas as regiões do país, entre os dias 24 e 31 de agosto. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Na pesquisa Exame/IDEIA, 44% dos ouvidos recebem o auxílio. Nesse grupo, 25% afirmam que sua aprovação em relação ao governo melhorou após a concessão do benefício. Para 67%, o auxílio não melhorou, nem piorou a avaliação. Na terça-feira, 1 de setembro, o presidente anunciou a redução do auxílio emergencial para 300 reais por mês. Serão pagas mais quatro parcelas com o novo valor.

“É difícil ver uma medida que venha do governo que altera sua avaliação em tão pouco tempo”, diz Maurício Moura, fundador do IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião, e professor da George Washington University na área de políticas públicas. “Um quarto da população melhorou a aprovação do governo por causa de um evento específico em quatro meses.”

(Arte/Exame)

Entre os que têm renda de até um salário mínimo, 77% consideram o presidente o principal responsável pela concessão do benefício, ante 47% dos que recebem de três a cinco salários. Na região Norte, 69% das pessoas ouvidas atribuem ao presidente o valor de 600 reais. Na Nordeste, 67%.

Aprovação de governo

A aprovação do presidente está em 38%, segundo a pesquisa. A avaliação segue praticamente inalterada em relação à pesquisa anterior, publicada há duas semanas, quando a aprovação do presidente batia 37%.

Entre os 38% que aprovam o governo Bolsonaro, 96% consideram o presidente o principal responsável pelo concessão do auxílio de 600 reais.

“Bolsonaro não aproveitou a pandemia como outros líderes mundiais. Se tivesse feito um discurso unificador, sua aprovação seria muito maior”, diz Moura.

O aumento da aprovação em regiões outrora de forte oposição ao presidente, como entre os eleitores na região Nordeste e de menor renda, é parte do motivo para a aprovação alta. Hoje, a aprovação de Bolsonaro é parecida entre todas as faixas de renda (tendo caído entre os eleitores de maior renda e aumentado entre os mais pobres).

O auxílio emergencial alcançou 66 milhões de brasileiros, que receberam, no total, mais de 160 bilhões de reais. Mais de 36 milhões de trabalhadores informais tiveram acesso a 73 bilhões de reais. "A perda econômica para o país causada pela pandemia poderia ter sido muito pior não fosse o auxílio emergencial”, diz Moura.

Valor maior

O levantamento também mostrou que nove em cada dez brasileiros querem a manutenção do auxílio emergencial. Para 53% das pessoas, o benefício deveria ser mantido com o valor de 600 reais por mês. Outros 37% consideram que o auxílio deve continuar, mas com redução do valor.

A pesquisa também perguntou qual seria a reação em caso de redução do valor. Para 48% dos ouvidos, um corte no valor é ruim mas aceitável, uma vez que os efeitos da crise causada pela pandemia devem permanecer por mais tempo. Para 23% das pessoas, a redução do valor é inaceitável.

O governo pretende lançar nos próximos dias o programa Renda Brasil, planejado para turbinar o Bolsa Família. Para 30% das pessoas, é compreensível que o Renda Brasil distribua menos de 600 reais mensais, pois o pior da pandemia já passou.

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