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Palocci deu "segurança" de Caixa 2, diz delatora

O relato foi feito ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela empresária Mônica Moura, mulher do publicitário João Santana

Antonio Palocci: advogado do político disse que desconhece o depoimento de Mônica Moura (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Antonio Palocci: advogado do político disse que desconhece o depoimento de Mônica Moura (Rodolfo Buhrer/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de maio de 2017 às 11h08.

São Paulo - O ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil) foi quem "vendeu" ao marqueteiro João Santana a ideia de que seria seguro receber pagamentos da Odebrecht por meio de caixa 2 após o mensalão.

O relato foi feito ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela empresária Mônica Moura, mulher do publicitário, que deu detalhes sobre a gênese do esquema de financiamento ilegal de campanhas do partido pela empreiteira.

Conforme o depoimento de Mônica, Santana resistia a aceitar recursos não contabilizados em 2006, após o escândalo de compra de apoio político que envolveu alguns dos principais quadros do PT, ainda no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas foi convencido pelo argumento de Palocci de que a empreiteira era uma empresa "sólida".

"A primeira vez em que foi proposto isso, em 2006, teria caixa 2, o João falou que não faria, tinha acabado de acontecer o mensalão: 'Não dá para fazer uma campanha assim'", afirmou a empresária.

Ela disse que a Odebrecht foi apresentada ao marqueteiro como uma empresa que poderia pagar "por fora" sem causar nenhum tipo de problema.

"Quando o João aceitou fazer, me mandou conversar com o Palocci. Foi a minha primeira conversa com o Palocci. Daí foi que ele me encaminhou à Odebrecht pela primeira vez", disse a depoente.

Reeleição

O esquema iniciado na campanha pela reeleição de Lula se repetiria em 2010 e 2014, com Dilma Rousseff candidata.

No depoimento ao TSE, Mônica Moura contou que o marketing de 2010 custou cerca de R$ 70 milhões, dos quais aproximadamente R$ 50 milhões foram pagos no caixa 1 e o restante, por fora.

A própria Odebrecht, segundo ela, depositou cerca de US$ 4 milhões (cerca de R$ 14 milhões, em valores atuais) no exterior em 2011 para cobrir um porcentual dessa dívida. Outros pagamentos foram feitos pelo próprio PT, por meio de um assessor de Palocci, que era o interlocutor do PT na Odebrecht.

Em 2014, explicou a depoente, quando o ex-ministro Guido Mantega já havia assumido a interlocução do PT com a empreiteira, a Odebrecht assumiu a totalidade dos pagamentos de caixa 2 ao marqueteiro.

Foi a solução encontrada para bancar a campanha, uma vez que o relacionamento do governo Dilma com o empresariado era difícil e havia entraves para a arrecadação.

Naquele ano, o marketing de Dilma foi orçado em R$ 105 milhões, dos quais R$ 70 milhões foram pagos no caixa 1. Dos R$ 35 milhões excedentes, a Odebrecht chegou a desembolsar cerca de R$ 10 milhões. O restante, segundo a empresária, não foi pago pela empreiteira por causa do avanço da Lava Jato.

Defesa

O advogado de Palocci, José Roberto Batochio, disse que desconhece o depoimento de Mônica Moura e, portanto, não poderia se pronunciar sobre ele. Guido Mantega nega que tenha participado de captação de recursos para a campanha.

O PT não se pronunciou. A defesa de Dilma Rousseff reiterou que João Santana e Mônica Moura "faltaram com a verdade" nos depoimentos ao TSE.

"Tudo indica que o casal, por força da sua prisão por um longo período, tenha sido induzido a delatar fatos inexistentes, com o objetivo de ganhar sua liberdade e de atenuar as penas impostas por uma eventual condenação futura", diz nota divulgada pela ex-presidente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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