Padre pró-impeachment entra no Senado e distribui presentes
O padre Lázaro Brito Couto, paraibano mas com paróquia em Aracaju (SE), veio por vontade própria para distribuir presentes aos senadores
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2016 às 20h00.
Brasília - Em meio a tantos homens engravatados, um traje diferente atrai olhares nos corredores do Senado Federal: uma batina.
O padre Lázaro Brito Couto, paraibano mas com paróquia em Aracaju (SE), veio por vontade própria para distribuir presentes aos senadores e testemunhar o destino da presidente Dilma Rousseff, que, se depender da vontade dele, será bem longe do Palácio do Planalto.
No dia mais movimentado da última década, em que até o acesso da imprensa está limitado, o padre conseguiu entrar no Senado sem problemas - bastou uma ajudinha do senador Eduardo Amorim (PSC-SE).
"Não vim fazer algazarra nem baderna", garantiu. "Sou um brasileiro, apaixonado por este País e torço muito para que tudo dê certo."
Padre Lázaro traz um terço no bolso da batina, um agrado que quer, ainda nesta quarta-feira, 11, entregar ao senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da comissão especial do impeachment.
"É um homem sério e preparado. Tenho uma santa inveja da serenidade dele." Se ele cometeu ou não as chamadas pedaladas fiscais na sua gestão enquanto governador, isso não interessa ao religioso.
"Não compete a mim. Isso não pode tirar a minha admiração por ele", afirmou.
E como o amor de Deus não vê partido, Lázaro também diz "admirar muito" o senador cassado Delcídio Amaral, que era filiado ao PT quando foi preso, acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
Motivo: pareceu, aos olhos do padre, sincero ao se dizer arrependido.
"Deus perdoa quando há arrependimento verdadeiro", declara. Em seguida, complementa: "Dizem que ele é muito católico".
As secretárias dos gabinetes já estão acostumadas a receber ligações de Lázaro. Poucas semanas atrás, telefonou para todos, solicitando votos a favor do afastamento de Dilma.
Também pede atenção para seu Estado de origem, a Paraíba. Mas seu repertório de reivindicações é vasto: o próximo pedido é ajudar as rádios AM - muitas delas filantrópicas - a migrar para FM sem o alto custo que estima que será cobrado do Ministério das Comunicações.
"É uma ajuda que vou dar para a mídia."
Das profundezas da batina, padre Lázaro também retirou "relíquias" de Madre Tereza de Calcutá para distribuir aos senadores mais chegados.
A primeira a ser abençoada foi a senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE). "Pensam até que sou filho dela, pois nos parecemos. Ela é muito católica."
Outras agraciadas pela lembrancinha foram as senadoras Rose de Freitas (PMDB-ES), pois recentemente "teve um princípio de AVC", e Ana Amélia Lemos (PP-RS), "pois aparenta ser uma boa pessoa".
O senador Reguffe (sem partido-DF) também recebeu uma bênção. "Teve um filho prematuro, que está no hospital", disse o pároco.
Collor
Padre Lázaro não revelou a idade, mas disse lembrar vivamente do impeachment do ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTC-AL).
"Eu me questiono muito, porque dizem que ele caiu por conta de um Fiat Elba. E quando vejo esse escândalo de corrupção da Petrobras, nos fundos de pensão, nas estatais, eu digo: meu Deus, por tão pouco o Collor caiu, então eu acho que o Brasil deveria pedir desculpas a Fernando Collor por tê-lo tirado do cargo."
Ele frisa, porém, que, à época, foi favorável ao afastamento do alagoano, apesar do desgosto da avó, que foi sua eleitora.
Para o padre, um político corrupto tem absoluta capacidade para se regenerar.
"Basta recordar de Zaqueu: cobrador de impostos, corrupto e que se converteu. Eu acredito na mudança de vida. Imagine se o marido trair a esposa e não receber dela um voto de confiança?", ponderou.
Ele alertou que seu posicionamento é pessoal, uma vez que a Igreja, enquanto instituição, alerta apenas para "a situação difícil que o País enfrenta".
"Acho que temos que ter a presença da Igreja no meio político. É fundamental."
Brasília - Em meio a tantos homens engravatados, um traje diferente atrai olhares nos corredores do Senado Federal: uma batina.
O padre Lázaro Brito Couto, paraibano mas com paróquia em Aracaju (SE), veio por vontade própria para distribuir presentes aos senadores e testemunhar o destino da presidente Dilma Rousseff, que, se depender da vontade dele, será bem longe do Palácio do Planalto.
No dia mais movimentado da última década, em que até o acesso da imprensa está limitado, o padre conseguiu entrar no Senado sem problemas - bastou uma ajudinha do senador Eduardo Amorim (PSC-SE).
"Não vim fazer algazarra nem baderna", garantiu. "Sou um brasileiro, apaixonado por este País e torço muito para que tudo dê certo."
Padre Lázaro traz um terço no bolso da batina, um agrado que quer, ainda nesta quarta-feira, 11, entregar ao senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da comissão especial do impeachment.
"É um homem sério e preparado. Tenho uma santa inveja da serenidade dele." Se ele cometeu ou não as chamadas pedaladas fiscais na sua gestão enquanto governador, isso não interessa ao religioso.
"Não compete a mim. Isso não pode tirar a minha admiração por ele", afirmou.
E como o amor de Deus não vê partido, Lázaro também diz "admirar muito" o senador cassado Delcídio Amaral, que era filiado ao PT quando foi preso, acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
Motivo: pareceu, aos olhos do padre, sincero ao se dizer arrependido.
"Deus perdoa quando há arrependimento verdadeiro", declara. Em seguida, complementa: "Dizem que ele é muito católico".
As secretárias dos gabinetes já estão acostumadas a receber ligações de Lázaro. Poucas semanas atrás, telefonou para todos, solicitando votos a favor do afastamento de Dilma.
Também pede atenção para seu Estado de origem, a Paraíba. Mas seu repertório de reivindicações é vasto: o próximo pedido é ajudar as rádios AM - muitas delas filantrópicas - a migrar para FM sem o alto custo que estima que será cobrado do Ministério das Comunicações.
"É uma ajuda que vou dar para a mídia."
Das profundezas da batina, padre Lázaro também retirou "relíquias" de Madre Tereza de Calcutá para distribuir aos senadores mais chegados.
A primeira a ser abençoada foi a senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE). "Pensam até que sou filho dela, pois nos parecemos. Ela é muito católica."
Outras agraciadas pela lembrancinha foram as senadoras Rose de Freitas (PMDB-ES), pois recentemente "teve um princípio de AVC", e Ana Amélia Lemos (PP-RS), "pois aparenta ser uma boa pessoa".
O senador Reguffe (sem partido-DF) também recebeu uma bênção. "Teve um filho prematuro, que está no hospital", disse o pároco.
Collor
Padre Lázaro não revelou a idade, mas disse lembrar vivamente do impeachment do ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTC-AL).
"Eu me questiono muito, porque dizem que ele caiu por conta de um Fiat Elba. E quando vejo esse escândalo de corrupção da Petrobras, nos fundos de pensão, nas estatais, eu digo: meu Deus, por tão pouco o Collor caiu, então eu acho que o Brasil deveria pedir desculpas a Fernando Collor por tê-lo tirado do cargo."
Ele frisa, porém, que, à época, foi favorável ao afastamento do alagoano, apesar do desgosto da avó, que foi sua eleitora.
Para o padre, um político corrupto tem absoluta capacidade para se regenerar.
"Basta recordar de Zaqueu: cobrador de impostos, corrupto e que se converteu. Eu acredito na mudança de vida. Imagine se o marido trair a esposa e não receber dela um voto de confiança?", ponderou.
Ele alertou que seu posicionamento é pessoal, uma vez que a Igreja, enquanto instituição, alerta apenas para "a situação difícil que o País enfrenta".
"Acho que temos que ter a presença da Igreja no meio político. É fundamental."