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Os trechos de rodovias federais mais perigosos do Brasil

Uma simples mudança - como melhorar a sinalização das estradas - poderia reduzir número de mortes em 21%, diz CNT

Acidente na BR-020 em fevereiro de 2018: caminhões respondem por 10% dos casos nas rodovias federais (Gilvan Rocha/Agência Brasil)

Acidente na BR-020 em fevereiro de 2018: caminhões respondem por 10% dos casos nas rodovias federais (Gilvan Rocha/Agência Brasil)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 4 de junho de 2018 às 17h24.

Última atualização em 5 de junho de 2018 às 17h39.

São Paulo – Por dia, ao menos 20 pessoas morrem nas rodovias federais brasileiras, segundo estudo da Confederação Nacional do Transporte, divulgado nesta segunda-feira (4). Entre 2007 e 2017, de acordo com o levantamento, foram 1,65 milhão de acidentes nas estradas federais que resultaram em 83.481 mortes.

Ao longo da década, o número de acidentes rodoviários caiu 30% no Brasil. Mas as ocorrências ficaram mais graves: o número de mortes a cada 100 acidentes pulou de 5,5 em 2007 para 7 óbitos em 2017.

Carros e motos respondem sozinhos por 65% dos casos de acidentes fatais. Caminhões, bicicletas e ônibus apareceram, respectivamente, em 10,3%, 4,6% e 2,9% dos casos. Quase 60% das ocorrências foram de colisões. Saída de pista e capotamento concentram 14,5% e 11,8% dos acidentes registrados.

No período analisado, sete rodovias federais concentraram metade dos acidentes com vítimas fatais – são elas: as BRs 101, 116, 381,040,153,364 e 262.

O trecho que vai do quilômetro 341,1 ao 353,1 da BR-101, na altura do município de Guarapari (ES), é o que registrou o maior número absoluto de mortes em 2017. Foram 21 vítimas fatais em 14 acidentes ocorridos na rodovia ao longo de todo o ano passado.

Mas é na altura dos quilômetros 418 e 228 da BR-135, em Monte Alegre do Piauí (PI), que houve a maior concentração de acidentes: no total, 593 casos entre janeiro e dezembro do ano passado.

Os trechos de rodovia federais mais perigosos do Brasil, listados abaixo, foram classificados de acordo com o número absoluto de mortes registradas no ano passado. A lista de completa pode ser acessada aqui.

RodoviaUFMunicípioInício do Trecho (Km)Fim do Trecho (Km)Número de mortesNúmero de AcidentesPosição
BR-101ESGuarapari343,1353,121141
BR-101PEAbreu e Lima4252151422
BR-040GOLuziânia1020151033
BR-381MGItatiaiuçu524,6534,614954
BR-116SPGuarulhos210,6220,6132525
BR-101ESMimoso do Sul444,2454,213156
BR-040GOLuziânia203011377
BR-040MGAlfredo Vasconcelos689,5699,511298
BR-040MGContagem516,7526,7101189
BR-110BASão Sebastião do Passe391,4401,4101110
BR-135PIMonte Alegre do Piauí41842810311

Qualidade das estradas x acidentes

As estradas cuja qualidade do pavimento foi bem avaliada pela CNT concentram o maior número de acidentes graves quando comparadas com aquelas que têm avaliação negativa. Rodovias com pavimento ótimo tiveram 11,2 mortes para cada 100 acidentes, enquanto naquelas com qualidade péssima, a taxa foi de 7,7 óbitos para 100 casos.

Por um lado, esse aparente contrassenso se explica, segundo o estudo, pelo fato de que nas vias com boa pavimentação, há a possibilidade de os veículos atingirem uma maior velocidade. Esse risco, no entanto, pode ser mitigado, diz o relatório, com a ampliação da fiscalização e melhores condições nas pistas.

Por outro, o relatório revela que a sinalização da rodovia é um fator importante para o risco de letalidade dos acidentes nessas vias. Segundo o estudo, nos trechos cujo pavimento foi bem avaliado, a gravidade dos acidentes aumenta conforme as condições de sinalização pioram.

Quando a sinalização foi considerada ótima, as vias com pavimento ótimo tiveram 8,4 mortes a cada 100 acidentes. Nos casos em que a sinalização foi considerada péssima, os trechos com pavimentos igualmente ótimos apresentaram 18,9 óbitos por 100 acidentes.

Para se ter uma ideia, a ausência de placas com o limite de velocidade dobra o risco de morte nas estradas. “Onde as placas são ausentes, o índice de mortes por 10 km de extensão é de 19,9. Onde elas são presentes, cai para 10,2”, diz o relatório.

Em quase 45% dos casos, a Polícia Rodoviária Federal atribui à falta de atenção do motorista a razão para os acidentes. No entanto, o estudo revela  que “as condições da infraestrutura viária são fortes indutoras à ocorrência de acidentes atribuídos a deficiências do motorista”.

Por exemplo, segundo o relatório, nos casos em que a falta de atenção dos motoristas foi mencionada pelos agentes, a gravidade dos acidentes é duas vezes maior nas estradas em que a sinalização foi avaliada como péssima do que naquelas em que a sinalização foi considerada como ótima.

A CNT calcula que se a sinalização em todos os trechos em que ocorreram acidentes fosse perfeita, seria possível reduzir em 21,5% o número de mortes nas rodovias. Se a geometria da via estivesse em condições ótimas, a redução seria de 35,4%.

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