Pernambuco: pobreza e violência são os aspectos mais vulneráveis da região Nordeste do país (WikimediaCommons/Américo Nunes/Wikimedia Commons)
Valéria Bretas
Publicado em 5 de outubro de 2017 às 06h30.
Última atualização em 5 de outubro de 2017 às 06h30.
São Paulo – Apesar dos avanços das últimas décadas, as regiões Norte e Nordeste, historicamente, têm ficado na lanterna do desenvolvimento econômico e social do país. Um estudo da consultoria Macroplan revela que a situação é crítica em ao menos 10 indicadores de um total de 28 analisados.
Segundo o mapeamento, feito com dados de 2015, pobreza e violência são os aspectos mais vulneráveis de ambas regiões que, juntas, abrigam 74 milhões de habitantes.
Em 2015, 30,4% dos moradores do Norte e 33,1% dos nordestinos estavam abaixo da linha de pobreza contra a média nacional de 17,6%. Além disso, nessas regiões a chance de uma pessoa ser assassinada foi duas vezes maior do que na região Sudeste. Em uma década, o número de mortes violentas cresceu 61% nos estados do Nordeste e 59% nos do Norte.
Segundo Adriana Fontes, uma das coordenadoras da pesquisa da Macroplan, a piora nos indicadores da região em 2015 tem relação com a crise política e econômica vivenciada pelo Brasil.
"Em um momento de restrição fiscal é essencial aprimorar a gestão dos recursos e melhorar a execução das políticas públicas. Caso contrário, o risco de a desigualdade aumentar daqui para frente é maior ainda", argumenta.
O contraste ainda pode ser observado – de forma dramática – em outros oito indicadores.
Na opinião do especialista em políticas públicas Elimar Nascimento, da Universidade de Brasília (UNB), a condição preocupante nessas regiões é resultado de intervenções malfeitas do governo federal e da descontinuidade dos programas sociais.
Nascimento cita como exemplo o projeto de transposição do Rio São Francisco, que tinha entrega prevista para 2010, mas que só deve ser concluída no primeiro semestre do ano que vem — dez anos depois de seu pontapé inicial.
“Faz parte da tradição brasileira não ter políticas continuadas. Afinal, quando a gestão federal muda, os programas também mudam” diz.
Segundo Nascimento, é primordial manter uma coesão de longo prazo para combater a desigualdade. “O Bolsa Família, por exemplo, é um dos programas que ainda está de pé, mas não é o suficiente para acabar com a pobreza. A gestão federal precisa consolidar políticas públicas em curso e promover novas que complementem o desenvolvimento social”.
Veja os indicadores mais críticos que travam o desenvolvimento do Norte e o Nordeste do Brasil, segundo a Macroplan.