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Operação vai retirar 1,2 mil posseiros de reserva no MA

Reserva indígena Awa-Guajá tem cerca de 115 mil hectares e 37% dela já foi devastada


	Membros da tribo Awá-Guajá: são apontados como a tribo de índios mais ameaçada do mundo
 (Divulgação/ Survival International)

Membros da tribo Awá-Guajá: são apontados como a tribo de índios mais ameaçada do mundo (Divulgação/ Survival International)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2014 às 17h25.

São Luís - A operação de desintrusão da reserva indígena Awa-Guajá teve início esta semana com a entrega de notificações a mais de 1.200 famílias de posseiros e madeireiros que atuam dentro da reserva. Localizada há 359 quilômetros de São Luís, capital no Maranhão, entre os municípios de Centro Novo do Maranhão, Governador Newton Bello, Zé Doca e São João do Caru, a reserva tem cerca de 115 mil hectares e 37% dela já foi devastada. Os Awá-Guajá são considerados os últimos povos indígenas que vivem como caçadores-coletores e são apontados como a tribo de índios mais ameaçada do mundo.

Dados de um relatório da ONG Survival International, que defende a preservação dos índios, mostram que a região de selva habitada por essa tribo é o território indígena que mais desmatamento sofreu em 2009. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) cerca de 37% da reserva já foi desmatada. A região habitada pela tribo sofreu com a chegada de colonos e madeireiros que praticam a poda ilegal sem que as autoridades tenham intervindo, apesar de saberem do problema, revela a ONG.

Cerca de 360 membros da tribo Awá-Guajá tiveram contato com a civilização, mas existem entre 60 e 100 indígenas que permanecem isolados e que poderiam perder seu último refúgio na selva devido à ação dos colonos. Estes indígenas são índios isolados e são particularmente vulneráveis a ataques e contaminação de doenças contra as quais eles não têm imunidade.

A ação do governo brasileiro reúne militares do exército, agentes de campo da Fundação nacional do Índio (Funai), do Ministério do Meio Ambiente, policiais e oficiais de justiça que foram deslocados para a região para cumprir decisão da Justiça Federal no Maranhão, emitida no último dia 16 de dezembro pelo juiz José Carlos do Vale Madeira.

Em 2012, chegou a circular informações de que uma criança da etnia havia sido queimada por madeireiros. Na época, a denúncia foi feita pelo Conselho Indianista Missionário (Cimi). Segundo o representante do Cimi na região, Gildebran Rodrigues, a criança teria entre 8 e 9 anos de idade e foi encontrada em um acampamento abandonado da etnia Awa-guajá, único povo indígena isolado que vive no Maranhão.

"Soubemos do fato pelo o que os Guajajaras nos falaram, mas não conseguimos falar com os Awa-guajá. Acredito que o conflito ocorreu quando os madeireiros entraram em contato com este povo isolado. E como a ação dos madeireiros é cada vez mais intensa, estes índios já começam a ficar sem opção: ou entram em contato ou fogem. O caso deve ter acontecido quando houve conflito num destes contatos", comentou Rodrigues na época.

Bloqueio

Enquanto o governo tenta fazer a operação de desintrusão da terra indígena dos Awá-guajá, os índios de outra etnia, krikati, interditaram a rodovia MA-280 entre os municípios de Montes Altos e Sítio Novo, distante 210 quilômetros de São Luís, para protestar contra a falta de serviços básicos como saúde, educação e transporte.

No dia que a manifestação começou - domingo, 05, os índios derrubaram duas torres de alta-tensão da Eletronorte, localizadas na reserva. Esse é o segundo protesto dos indígenas em um período de quatro meses.

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