(Thiago Lontra/Alerj/Divulgação)
Repórter
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 09h29.
A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira, 16, o desembargador federal Macário Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), relator do processo que envolve o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos, o TH Jóias, no âmbito da 2ª fase da Operação Unha e Carne.
A ação investiga o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun para integrantes do Comando Vermelho.
Além da prisão, agentes cumprem dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dos principais alvos das buscas é o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente afastado da Alerj. Esta é a segunda vez que Bacellar é atingido pela Operação Unha e Carne.
Ele havia sido preso na primeira fase da operação, em 3 de dezembro, por decisão de Moraes. A prisão foi revogada dias depois, após votação do plenário da Alerj, mas o parlamentar segue submetido a medidas cautelares impostas pelo STF.
Segundo Moraes, há “fortes indícios” da participação do parlamentar em uma organização criminosa. Relatório da Polícia Federal aponta que Bacellar é suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, na qual o então deputado estadual TH Jóias foi preso por ligação com o Comando Vermelho.
A nova etapa da operação apura a atuação de agentes públicos no repasse de informações confidenciais sobre operações policiais. Segundo a PF, o vazamento teria obstruído investigações conduzidas no âmbito da Operação Zargun.
A operação levou à prisão, em setembro, do então deputado estadual TH Jóias, acusado de ligação direta com o Comando Vermelho. Ele foi detido em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, sob acusações de tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e negociação de armas.
Segundo a investigação, TH Jóias utilizava o mandato parlamentar para favorecer o crime organizado, inclusive na intermediação da compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones.
A ação está inserida no contexto das determinações do STF no julgamento da ADPF 635/RJ, que atribuiu à Polícia Federal a condução de apurações sobre grupos criminosos violentos no estado do Rio e suas conexões com agentes públicos.
Macário Júdice Neto é o relator do processo que envolve TH Jóias no TRF-2. De acordo com as investigações, o magistrado teria atuado para favorecer o grupo criminoso.
De acordo com a coluna Lauro Jardim no Globo, a trajetória de Macário é marcada por afastamentos da magistratura. Seu primeiro afastamento ocorreu em 2005, por decisão do próprio TRF-2, em apuração sobre suposta participação em um esquema ligado à máfia dos caça-níqueis, quando atuava na Justiça Federal do Espírito Santo.
Em 2015, Macário foi absolvido na ação penal relacionada ao caso, mas permaneceu afastado devido a um processo administrativo disciplinar (PAD). Em novembro de 2022, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou sua reintegração ao entender que o prazo para julgamento do PAD havia sido extrapolado.
Em maio de 2023, ele foi nomeado desembargador federal, após indicação formal enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ser o primeiro da lista de antiguidade do TRF-2.
Outro ponto citado na investigação é que a esposa do magistrado, Flávia Júdice, atuava até o mês passado no gabinete da diretoria-geral da Alerj, período em que já tramitavam investigações contra TH Jóias e Bacellar.
A Polícia Federal ainda não informou se a atuação dela tem relação direta com o caso. O nome aparece no inquérito apenas como conexão institucional.
*Com informações do Globo