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Operação que terminou com adolescente morto é criticada por autoridades

Estudante Marcus Vinícius da Silva, de 14 anos, foi baleado na quarta-feira, 20, de manhã, quando estava a caminho da escola

Complexo da Maré: ação policial chegou a ser interrompida, mas quando o estudante já havia sido baleado (Tomaz Silva/Agência Brasil/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de junho de 2018 às 20h39.

Rio - O secretário municipal de Educação do Rio, César Benjamin, criticou a operação policial que resultou na morte do estudante Marcus Vinícius da Silva, de 14 anos, baleado na quarta-feira, 20, de manhã, quando estava a caminho da escola.

Ele afirmou que a operação foi "equivocada" e "usou força excessiva". Benjamin disse ter alertado a Secretaria Estadual de Segurança (responsável pela operação) e que a ação policial chegou a ser interrompida, mas quando o estudante já havia sido baleado.

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"No ano passado nós integramos o grupo de trabalho da secretaria de Segurança que montou uma instrução normativa muito boa (com orientações sobre operações policiais nas proximidades de favelas). A operação de quarta-feira fugiu completamente dessa instrução e usou força excessiva. Logo que começou, nós da Educação percebemos que era uma operação equivocada. Nós sinalizamos isso em tempo real para a secretaria de Segurança e ela chegou a interromper a operação. Mas antes de interromper houve essa fatalidade", afirmou o secretário.

O prefeito Marcelo Crivella (PRB) compareceu ao velório e ao enterro. Ele fez críticas à operação, mas afirmou que "não estamos aqui para achar culpados, porque isso não vai resolver a situação".

"O velório no Palácio é um gesto de que a população do Rio de Janeiro , eu, o secretário de Segurança não aguentamos mais ver crianças inocentes morrendo em tiroteios que, a experiência mostra, têm tido pouco resultado efetivo no combate ao crime organizado. Nós precisamos de ações de inteligência que evitem a morte de inocentes", afirmou.

Apesar das críticas à operação, o prefeito elogiou as Forças Armadas: "Não tem aqui nenhuma crítica ao Exército, que eu servi durante dez anos. Aliás, o comandante do Exército, general Villas Bôas, considero o maior herói vivo do Brasil. Sei que ele tem aqui seus melhores quadros e vão investigar o que os professores e diretores mandaram pra nós, em fotos, áudios e mensagens, de que havia tiros do helicóptero sobre nossas escolas. Isso eu não consigo entender, e acho que nenhum cidadão consegue. Não é possível que isso continue ocorrendo", afirmou.

Crivella afirmou que a secretaria municipal de Educação sabia da operação: "Nós tomamos uma providência importante, de que as crianças estivessem nas escolas antes de a operação começar, mas Marcus Vinícius dormiu até mais tarde e não queria perder a aula. Não é justo que ele não tenha conseguido chegar à escola. Precisamos rever esses procedimentos. Essas operações precisam ser monitoradas, planejadas com mais inteligência", criticou.

"A prefeitura tomou conhecimento de que haveria uma operação depois que os alunos estivessem na escola. O secretário (de Educação) conversou com o secretário de Segurança, repassando pra ele (as informações do local). Isso ajudou a evitar mais mortes. Nós estamos aqui não para achar culpados, porque isso não vai resolver a situação. Estamos aqui para lamentar profundamente. A cidade está de luto. Tenho certeza de que vamos aprender com essa tragédia e isso não vai mais se repetir", concluiu.

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