Operação que prendeu suspeitos de matar Marielle foi vazada, confirma alvo
Informação foi divulgada por uma das promotoras do Ministério Público (MP) que atuaram no caso
Agência Brasil
Publicado em 12 de março de 2019 às 18h31.
Última atualização em 12 de março de 2019 às 18h34.
A operação de hoje (12) que resultou na prisão de dois suspeitos pelos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes foi vazada. A informação foi divulgada por uma das promotoras do Ministério Público (MP) que atuaram no caso, citando uma confissão informal do sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, a integrantes da força-tarefa.
Ronnie foi preso ainda de madrugada, se preparando para sair de casa, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, mesma situação do também ex-PM Elcio Vieira de Queiroz, que mora no bairro Engenho de Dentro, na zona norte.
"Com relação à suposta fuga dos denunciados, um deles, o Ronnie, de forma informal, confessou ali, naquele momento, que ele tinha sido avisado", revelou a promotora Simone Sibílio, coordenadora do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), durante coletiva na tarde de hoje.
Em função do vazamento, segundo a promotora, a operação, prevista para amanhã (13), teve que ser antecipada. Ronnie e Elcio foram denunciados pelo MP por homicídio qualificado contra Marielle e Anderson por tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora que estava no carro no dia do crime, em 14 de março de 2018.
Motivação
Segundo Simone, o MP apurou, até o momento, que a motivação está ligada à repulsa de Ronnie às causas defendidas por Marielle, o que também é conhecido como crimes de ódio.
"Com relação ao crime de ódio, se o que se chama de ódio é irresignação, a reação, o descontentamento dele com algumas questões relacionadas às minorias, por exemplo, o perfil dele, pelas pesquisas que ele faz, o comportamento dele tem esse perfil. Essa capitulação não existe no Código Penal. Juridicamente, é um motivo torpe, em razão dessa reação dele a todas as causas com as quais a Marielle trabalhava. É uma reação abjeta dele a essas causas", disse Simone.
Segundo o MP, o crime foi meticulosamente planejado durante três meses. Além das prisões, foram emitidos mandatos de busca e apreensão de documentos, telefones celulares, computadores e armas. Também participaram da coletiva as promotoras Letícia Emile Alqueres Petriz, Elisa Fraga e Eliane de Lima Pereira.