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Operação Politéia lembra Revolução Francesa, diz professor

As ações da Polícia Federal demonstram a autonomia e o fortalecimento das instituições do país

Fernando Collor: "[A reação dos políticos à Operação Politéia] lembra a indignação dos aristocratas da Revolução Francesa quando desafiados pelos servos", diz o professor (José Cruz/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2015 às 10h22.

Rio de Janeiro - Para cientistas políticos e historiadores ouvidos pela reportagem, a Operação Politéia da Polícia Federal , que cumpriu na terça-feira, 14, mandados de busca e apreensão em endereços do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e outros políticos com foro privilegiado, demonstra a autonomia e o fortalecimento das instituições do País.

"A reação revela toda a perplexidade da classe política, que não está habituada ao funcionamento autônomo, regular e republicano das instituições políticas e policiais. Há um trabalho conjunto de instituições que, pela primeira vez, estão atingindo pessoas da elite econômica e política que se acreditavam acima da lei", afirmou o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Monteiro considera que há "um raciocínio anacrônico de elites que se consideram acima da lei".

Para o historiador Daniel Aarão Reis Filho, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), a democracia brasileira se fortalece com o cumprimento de mandados judiciais independente das "fortunas e relações dos seus objetos". "Os políticos estão estupefatos. Ainda prevalece largamente a tradição de que pessoas com boas relações e poderosas não são incomodadas pela polícia ou pela Justiça. Lembra a indignação dos aristocratas da Revolução Francesa quando desafiados pelos servos", afirmou.

Alvos

Além de Collor, entre os principais alvos da Operação Politéia estão os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), além do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e do ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC).

A ação da PF foi autorizadas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski e pelos ministros Teori Zavascki e Celso de Mello.

O ex-presidente Collor classificou a ação da PF como "invasiva e arbitrária". Na Casa da Dinda, residência dele em Brasília, foram apreendidos três automóveis de luxo importados.

Em discurso no plenário, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), questionou a legitimidade da operação e afirmou que os métodos da PF "beiram a intimidação".

"A PF agiu respaldada pelo Poder Judiciário. Tudo foi seguido rigorosamente, do ponto de vista legal, não houve nenhum tipo de abuso. Mas faz parte da mentalidade dos políticos essa visão de que estão no Olimpo e que as instituições não são feitas para julgá-los e confrontá-los", disse a historiadora Marly Motta, professora aposentada do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

"Quem não deve não teme. Renan e Collor esquecem-se, convenientemente, de que as buscas da PF foram autorizadas por três ministros do STF. Onde a violência, onde o arbítrio, onde a intimidação? A presunção de impunidade e a desigualdade perante a lei estão sob ameaça, depois de 126 anos de República. Já era tempo", disse o historiador José Murilo de Carvalho, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O cientista político Ricardo Ismael, da Pontifícia Universidade Católica do Rio, avalia a postura como estratégia de defesa. "É um jogo de cena, certamente para dar satisfação aos próprios pares. Mas isso não tem nenhum efeito prático. Assim como empresários, os políticos também gritam e chiam. E uma das estratégias legítimas de defesa é desqualificar o inquérito."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Rio de Janeiro - Para cientistas políticos e historiadores ouvidos pela reportagem, a Operação Politéia da Polícia Federal , que cumpriu na terça-feira, 14, mandados de busca e apreensão em endereços do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e outros políticos com foro privilegiado, demonstra a autonomia e o fortalecimento das instituições do País.

"A reação revela toda a perplexidade da classe política, que não está habituada ao funcionamento autônomo, regular e republicano das instituições políticas e policiais. Há um trabalho conjunto de instituições que, pela primeira vez, estão atingindo pessoas da elite econômica e política que se acreditavam acima da lei", afirmou o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Monteiro considera que há "um raciocínio anacrônico de elites que se consideram acima da lei".

Para o historiador Daniel Aarão Reis Filho, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), a democracia brasileira se fortalece com o cumprimento de mandados judiciais independente das "fortunas e relações dos seus objetos". "Os políticos estão estupefatos. Ainda prevalece largamente a tradição de que pessoas com boas relações e poderosas não são incomodadas pela polícia ou pela Justiça. Lembra a indignação dos aristocratas da Revolução Francesa quando desafiados pelos servos", afirmou.

Alvos

Além de Collor, entre os principais alvos da Operação Politéia estão os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), além do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e do ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC).

A ação da PF foi autorizadas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski e pelos ministros Teori Zavascki e Celso de Mello.

O ex-presidente Collor classificou a ação da PF como "invasiva e arbitrária". Na Casa da Dinda, residência dele em Brasília, foram apreendidos três automóveis de luxo importados.

Em discurso no plenário, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), questionou a legitimidade da operação e afirmou que os métodos da PF "beiram a intimidação".

"A PF agiu respaldada pelo Poder Judiciário. Tudo foi seguido rigorosamente, do ponto de vista legal, não houve nenhum tipo de abuso. Mas faz parte da mentalidade dos políticos essa visão de que estão no Olimpo e que as instituições não são feitas para julgá-los e confrontá-los", disse a historiadora Marly Motta, professora aposentada do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

"Quem não deve não teme. Renan e Collor esquecem-se, convenientemente, de que as buscas da PF foram autorizadas por três ministros do STF. Onde a violência, onde o arbítrio, onde a intimidação? A presunção de impunidade e a desigualdade perante a lei estão sob ameaça, depois de 126 anos de República. Já era tempo", disse o historiador José Murilo de Carvalho, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O cientista político Ricardo Ismael, da Pontifícia Universidade Católica do Rio, avalia a postura como estratégia de defesa. "É um jogo de cena, certamente para dar satisfação aos próprios pares. Mas isso não tem nenhum efeito prático. Assim como empresários, os políticos também gritam e chiam. E uma das estratégias legítimas de defesa é desqualificar o inquérito."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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