São Paulo - A previsão de chuvas mais brandas no final de fevereiro levou o Operador Nacional do Sistema (ONS) a projetar uma situação menos favorável para o nível dos reservatórios ao final do mês.
Nesta sexta-feira, 20, o ONS previu que as chuvas na região Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento do País, serão menores do que o previsto na semana passada e, com isso, os reservatórios terão apenas 21,2% da capacidade.
Ao mesmo tempo, o Custo Marginal de Operação (CMO) ficará mais elevado no período de 21 a 27 de fevereiro.
Os dados semanais publicados hoje indicam que a energia natural afluente (ENA) na região Sudeste/Centro-Oeste será equivalente a 58% da média de longo termo (MLT) de fevereiro. Na semana passada, o ONS havia projetado 65% da média histórica.
Com isso, a previsão para o nível dos reservatórios ao final do mês foi reduzida de 22,7% para 21,2%. Na quinta-feira, 19, os reservatórios estavam com 19,17% da capacidade.
A previsão para a próxima semana sugere que a ENA, ou seja, a capacidade de geração de energia a partir das chuvas que atingem a região, será equivalente a 67% da média para fevereiro.
Em função disso, o CMO da região Sudeste foi elevado em 22,2% desde a última semana, de R$ 1.314,92/MWh para R$ 1.606,42/MWh. A mesma variação é válida para a região Sul.
O número volta a ficar, assim, acima do valor de R$ 1.420,34/MWh considerado o primeiro patamar de déficit estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Com o custo da energia a esse patamar, o consumo de energia deveria ser reduzido em 5%. No caso das regiões Norte e Nordeste, o CMO foi elevado em 18,9%, de R$ 889,45/MWh para R$ 1057,33/MWh.
Reservatórios
As novas projeções do ONS sugerem níveis mais baixos dos reservatórios em todas as regiões, quando comparadas com as previsões divulgadas na semana passada.
Na região Sul, o nível dos reservatórios deve terminar fevereiro em 49,3% da capacidade, abaixo dos 50,3% previstos na sexta-feira passada. Ontem, o nível registrado pelo ONS era de 48,45%.
Na região Nordeste, aquela que apresenta os piores indicadores neste momento, a previsão para os reservatórios foi reduzida de 19,1% para 18,5%.
No Norte, o número foi reduzido de 42,5% para 38,5%. Ontem, as duas regiões acumulavam 16,65% e 36,97% da capacidade de armazenamento.
As revisões são explicadas pelas previsões menos favoráveis para o volume de chuvas. Na região Nordeste, a ENA prevista em fevereiro foi reduzida de 34% para 30% da média histórica.
No Norte, o ajuste foi de 57% para 56%. A exceção ficou por conta da região Sul, cuja revisão foi de 124% para 129% da MLT.
O ONS também divulgou hoje nova previsão de carga para o mês de fevereiro, na qual confirmou a redução da demanda neste início de ano.
A carga de fevereiro deve encolher 2,9% na comparação com o mesmo período de 2014. Na semana passada, a previsão indicava queda de 2,7%.
A atualização reflete previsões mais adversas para as regiões Sudeste, cuja carga encolheu de 4,8% para 4,9%, e na região Sul, de -0,5% para -1,5%. Na região Norte, houve atualização de -4,3% para -4,4%.
A exceção continua sendo a região Nordeste, com alta esperada de 4,4%. Na semana passada, a elevação da carga para a região estava projetada em 3,7%.
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1. Uma história de ataques e danos
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São Paulo - A relação das cidades com as
águas é um negócio curioso. Os homens sempre procuraram se fixar ao longo dos grandes rios para ter água e vias de transporte próximas. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento urbano acarretou a deterioração desses recursos hídricos, comprometendo sua quantidade e qualidade. No maior estado do Brasil, não foi diferente. A história de São Paulo com seus rios é marcada por ataques e danos, que se repetem até hoje e nos ajudam a entender a crise hídrica que assombra a região de um jeito diferente
— mais integrado. Veja nas fotos 10 números que mostram o descaso do Estado paulista com este bem tão precioso.
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2. Passe livre para poluir
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Tão importante quanto ter água em quantidade é ter água de boa qualidade. São Paulo deixa de tratar quase 57% dos esgotos gerados, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico do Ministério das Cidades. Toda essa água suja ameaça as reservas limpas e encarece os custos de tratamento no futuro.
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3. Zero tratamento
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Entre os 645 municípios do Estado, pelo menos 60 não possuem tratamento algum de esgoto. Sem rede adequada, todo o esgoto gerado vai parar nos rios próximos. Em todos eles, a coleta de esgoto não passa de 40% dos domicílios.
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4. Ainda tem gente sem acesso à coleta de esgoto
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Quase 25% da população do Estado de São Paulo ainda não conta com serviços de coleta de esgoto. Quem mora nessas situações, precisa recorrer a métodos de risco para a saúde, como o uso de fossa negra.
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5. Desperdício
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De cada 100 litros de água coletada e tratada, apenas 66 litros chegam são e salvos na casa dos paulistas. Os outros 34 litros ficam pelo caminho. Ligações clandestinas, vazamentos, obras mal executadas ou medições incorretas no consumo de água são as principais causas das perdas. Um quadro imperdoável para um recurso tão precioso e cada vez mais escasso.
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6. Despejo ilegal
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No entanto, nem toda a água que sai das indústrias em forma de esgoto retorna limpa para o meio ambiente, como deveria acontecer. A cada hora, as indústrias paulistas descartam cerca de dez milhões de efluentes cheios de resíduos tóxicos e sem tratamento algum nos rios e lagos dos municípios de São Paulo. Por dia, o descarte ilegal de esgoto industrial daria para encher dois lagos do Parque Ibirapuera, segundo estudo feito pela Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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7. Descaso com as áreas verdes piora a crise
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Nos últimos 50 anos, a região da Cantareira teve quase 80% de sua vegetação nativa desmatada, segundo um
levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica. Atualmente, restam apenas 21,5% da cobertura original nas bacias hidrográficas e nos 2.270 quilômetros quadrados do conjunto de seis represas que compõem o Sistema Cantareira. Os impactos do
desmatamento em áreas de manancial são significativos. A floresta tem papel essencial na prevenção de secas, pois reabastece os lençóis freáticos e impede a erosão do solo e o assoreamento de rios.
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8. "Joga no rio que o rio resolve"
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A política do laissez-faire com relação ao manejo do lixo resulta em situações como a que deixou atônita a população da região de Salto, em Sorocaba, em julho do ano passado. Por conta da estiagem severa, o Rio Tietê, que corta o centro da cidade, transformou-se num fio de água e expôs toneladas de lixo acumulado ao longo de décadas.
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9. Clandestinidade impera
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Na grande maioria dos casos é dos poços artesianos que os caminhões pipa retiram água. A cidade de São Paulo tem cerca de 2000 poços outorgados pelo DAEE, mas especialistas do setor estimam em mais de 8 mil o número de clandestinos, que incluem tantos poços operantes, como paralisados.
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10. Rodízio "vetado"
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O rodízio de água era a primeira opção apresentada pela Sabesp para contornar os níveis decadentes do sistema Cantareira. O plano foi formalmente entregue em janeiro de 2014 ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), mas foi descartado pelo governo Alckmin. Na ocasião, o rodízio proposto era de 48 horas com água e 24 horas sem para as localidades atendidas pelo Cantareira. Se tivesse sido implementada há um ano, a medida poderia ter resultado em uma economia de 120 bilhões de litros em 2014.
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11. Tietê na UTI
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O mais importante rio do estado de São Paulo também é o mais poluído do Brasil, segundo o levantamento “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”, do IBGE.
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12. Água no ralo
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