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ONGs denunciam exploração de mão de obra na produção de suco

De acordo com os denunciantes, as empresas acordam os preços entre si e favorecem uma exploração laboral que "infringe os padrões" pregados na Europa


	Laranjas: objetivo da denúncia é "conscientizar os consumidores europeus para que estes estejam conscientes de como é produzido o suco que consomem"
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Laranjas: objetivo da denúncia é "conscientizar os consumidores europeus para que estes estejam conscientes de como é produzido o suco que consomem" (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2013 às 15h45.

Bruxelas - A maior parte do suco de laranja consumido na União Europeia é fabricado no Brasil por trabalhadores submetidos a condições de exploração e abusos, denunciou nesta segunda-feira uma coalizão de ONGs perante os deputados de diferentes grupos políticos do Parlamento Europeu.

A denúncia em questão foi feita na Eurocâmara através de uma delegação integrada por Marcio Bortolucci, advogado que representa mais de 500 trabalhadores das plantações efetadadas, e Cicera Coltro, uma das vítimas que teve problemas de saúde por conta do excesso de trabalho, além de outros representantes das ONGs.

De acordo com os denunciantes, as empresas Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus, que controlam 85% da produção mundial de suco, acordam os preços entre si e favorecem uma exploração laboral que "infringe os padrões" pregados na Europa.

"A iniciativa voluntária não se mostra suficientemente eficaz", se queixam os representantes das ONG, que acusam os supermercados europeus de não se preocuparem em verificar o cumprimento das normas.

Em particular, as ONGs citam as cadeias alemãs Lidl, Aldi, Edeka e Rewe, já que 80% do suco consumido no Brasil é consumido na Alemanha.

O objetivo da denúncia feita na Eurocâmara é "conscientizar os consumidores europeus para que estes estejam conscientes de como é produzido o suco que consomem" e pedir aos políticos que elaborem uma legislação que permita impedir essa situação.


Além disso, as ONGs pedem à UE desenvolver uma investigação no Brasil sobre um suposto caso de cartel e impulsionar a transparência. Neste caso, a ideia é que os consumidores possam ver nos rótulos das embalagens de onde a fruta utilizada procede.

Em paralelo às medidas citadas, as ONGs também trabalham com a ideia de um defensor público ser usado para combater as práticas abusivas.

De acordo com os representantes das organizações, os deputados se interessaram pelo caso e se comprometeram a "analisar com detalhe" a situação dos trabalhadores no Brasil.

O grupo também se reunirá entre hoje e amanhã em Bruxelas com a deputada socialista portuguesa Ana Gomes, a também portuguesa Maria do Céu Patrão Neves, o maltês David Casa e o irlandês Guy Mittchell - os três do PPE.

Por sua parte, o diretor do escritório do Escritório de Advocacia Comércio Justo (FTAO) em Bruxelas, Sergi Corbalán, declarou à Agência Efe que as ONGs também pedem à Comissão Europeia "levantar um marco jurídico robusto para evitar que os agricultores e trabalhadores continuem pagando as consequências das práticas comerciais desleais". 

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