Entre 2006 e 2016, mais de 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional (Foto/Getty Images)
Valéria Bretas
Publicado em 5 de junho de 2018 às 11h18.
Última atualização em 15 de junho de 2018 às 08h41.
São Paulo – Pela primeira vez na história, a taxa de homicídio no Brasil ultrapassou o patamar de trinta mortes por 100 mil habitantes, segundo Atlas da Violência divulgado nesta terça-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com o estudo, que analisa os números de homicídio no país entre 2006 e 2016, mais de 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional. O resultado deixa o Brasil com uma taxa 30 vezes superior a da Europa.
Se por um lado houve queda dos homicídios em sete estados brasileiros, como São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro, o índice de assassinatos cresceu nas demais unidades da federação nesse período – em cinco, a taxa mais do que dobrou.
É o caso do Rio Grande do Norte, que saltou de uma taxa de 14,9 mortes para cada 100 mil habitantes em 2006, para 53,4 em 2016 – crescimento de 257% na década. Também houve aumento intenso nos estados Sergipe (121,1%), Maranhão (121%) e Tocantins (119%)
“Os muitos planos nacionais de segurança pública que tivemos falharam pela incapacidade de o governo ter uma arquitetura institucional e de governança que pudesse traduzir as ideias em ações e em boas políticas”, diz o relatório do Ipea.
Na avaliação do Instituto, para brecar a escalada de violência, o governo federal deveria investir em três pilares: promoção de políticas públicas efetivas, capacitação das forças policiais e investimentos em ações inovadoras.
Considerando a década 2006-2016, o Rio Grande do Norte foi o estado que apresentou o pior desempenho em outros dois indicadores violentos: homicídio de jovens de 15 a 29 anos e violência contra negros.
As mortes de jovens por homicídio no Brasil cresceu 24,8% em dez anos. No período, o estado registrou elevação drástica de 380,1%. Mesmo assim, até agora, diz o relatório, o governo local não trouxe soluções para atacar o problema.
Sobre a taxa de homicídio na população negra, o Rio Grande do Norte cresceu 321,1% na década, contra o aumento de 23,1% na taxa nacional.
Em mais uma evidência do alarmante cenário local, o estado ficou empatado como Maranhão no crescimento da taxa de homicídio de mulheres, com um aumento de 114,8%.
Ranking | Estados | Taxa de homicídio (por cem mil) - 2006 | Taxa de homicídio (por cem mil)- 2016 | Variação da taxa 2006 - 2016 |
---|---|---|---|---|
1º | Rio Grande do Norte | 14,9 | 53,4 | 256,9% |
2º | Sergipe | 29,2 | 64,7 | 121,1% |
3º | Maranhão | 15,7 | 34,6 | 121% |
4º | Tocantins | 17,2 | 37,6 | 119% |
5º | Bahia | 23,7 | 46,9 | 97,8% |
6º | Acre | 23 | 44,4 | 93,2% |
7º | Ceará | 21,8 | 40,6 | 86,3% |
8º | Pará | 29,2 | 50,8 | 74,4% |
9º | Goiás | 26,3 | 45,3 | 72,2% |
10º | Amazonas | 21,1 | 36,3 | 71,9% |
11º | Piauí | 13,8 | 21,8 | 58,5% |
12º | Rio Grande do Sul | 18,1 | 28,6 | 58% |
13º | Paraíba | 22,8 | 33,9 | 48,8% |
14º | Amapá | 32,8 | 48,7 | 48,5% |
15º | Roraima | 27,5 | 39,7 | 44,2% |
16º | Santa Catarina | 11,2 | 14,2 | 27,4% |
17º | Mato Grosso | 31,4 | 35,7 | 13,8% |
18º | Rondônia | 37,4 | 39,3 | 5,1% |
19º | Minas Gerais | 21,4 | 22 | 2,7% |
20º | Alagoas | 53,1 | 54,2 | 2% |
21º | Distrito Federal | 27,7 | 25,5 | -7,8% |
22º | Paraná | 29,8 | 27,4 | -8,1% |
23º | Pernambuco | 52,6 | 47,3 | -10,2% |
24º | Mato Grosso do Sul | 29,7 | 25 | -15,8% |
25º | Rio de Janeiro | 47,5 | 36,4 | -23,4% |
26º | Espírito Santo | 50,9 | 32 | -37,2% |
27º | São Paulo | 20,4 | 10,9 | -46,7% |