Okamotto diz que método de Moro leva Lula para o linchamento
As declarações do presidente do Instituto Lula foram dadas minutos antes do ex-presidente chegar ao prédio da Justiça Federal, onde é interrogado por Moro
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de maio de 2017 às 16h06.
São Paulo - O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou nesta quarta-feira, 10, em Curitiba, que o método usado pelo juiz Sérgio Moro leva, na prática, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um linchamento público antes de ser julgado.
As declarações de Okamotto foram dadas minutos antes de Lula chegar ao prédio da Justiça Federal, onde é interrogado por Moro, pelo Ministério Público Federal (MP) e pelos advogados dos réus na ação sobre o triplex do Guarujá, na Baixada Santista (SP), e o armazenamento do acervo dele.
O presidente do Instituto Lula, réu na mesma ação, já foi ouvido. Okamotto esperava Lula na rua de acesso ao prédio onde o juiz trabalha. "Esse método de fazer Justiça é muito questionável. Pode ter linchamento de pessoas", disse, ao criticar a exposição do processo antes do julgamento final.
Perguntado se esse risco de linchamento atingia o ex-presidente, o presidente do instituto disse que sim. "Na prática, vai para o linchamento. Temos aqui em Curitiba toda essa confusão porque ele seria dono de um triplex", declarou.
Nesta terça-feira, 9, o juiz Ricardo Leite, da 10.ª Vara Federal de Brasília, suspendeu as atividades da entidade por tempo indeterminado. O despacho de Leite foi dado com base em outra ação, em que Lula é réu por obstrução de Justiça.
Okamotto afirmou ser "muita coincidência" a suspensão ser divulgada na véspera do depoimento do ex-presidente a Moro. "Muita gente está dizendo que isso foi uma forma de tirar a gente do foco, mas eu não tenho como provar", disse.
O presidente do instituto disse ainda que não sabe qual é a extensão da suspensão. "Vamos ter de tirar nosso site do ar?", questionou.
Okamotto alegou que a entidade ainda não foi oficialmente notificada oficialmente da decisão. Ele ainda disse que, se for aplicar a tese de interrupção de atividades para todos os locais onde há discussão política, "não tem mais sindicato, não tem mais nada". "Quero saber qual a base legal para a suspensão", provocou.