Oficializado como candidato, Alckmin ataca Bolsonaro e PT
Alvo de críticas pelo acordo com o "Centrão", o tucano também usou a convenção nacional para defender as alianças partidárias
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de agosto de 2018 às 17h57.
Brasília - No primeiro ato como candidato oficial do PSDB à Presidência, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin fez um discurso repleto de críticas indiretas ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro , que lidera as pesquisas de intenção de voto.
O tucano não deixou de mirar também no PT por sua "herança de radicalismo". Alvo de críticas pelo acordo com o "Centrão", o tucano também usou a convenção nacional para defender as alianças partidárias e se apresentou como o candidato capaz de "unir o Brasil".
"Ainda hoje na América Latina, vemos degenerar regimes conduzidos por quem promete dar murro na mesa, dizendo que faz e acontece, que pode governar sozinho, ou acompanhado apenas por um grupo de fanáticos", disse. "Gente assim quer é ditadura. Ditadura que logo degenera em anarquia. Precisando da ordem democrática que dialoga, que não exclui, que tolera as diferenças", disse o tucano. Ele não deixou explícito se a análise se limitava a líderes dos países vizinhos ou se o discurso tinha relação com Bolsonaro.
Ainda que não tenha sido direto nas citações, é parte da estratégia da campanha tucana mirar em Bolsonaro. Isso porque, na avaliação dos estrategistas do partido, o PT não deve cumprir o papel de desconstruir o candidato do PSL. Caberá ao próprio Alckmin este trabalho.
Sobre o PT, Alckmin procurou relacionar de forma irônica o número do partido nas urnas - o 13 - com os dados do IBGE sobre pessoas desempregadas. "Vamos mudar o Brasil, mas não com bravatas, com tumulto. Treze é o número do partido que esteve lá. Temos 13 milhões de desempregados", disse. "Radicalismo e bravatas sintetizam a herança trágica que os petistas nos deixaram", complementou.
Apesar das críticas às candidaturas concorrentes, Alckmin também alternou o discurso se colocando contra a "divisão do País" e disse ter condições de "unir o Brasil". "Um país dividido não multiplica felicidade. Quero, em nome de todos, empunhar essa chama chamada esperança, que ficou guardada dentro de nós", disse.
Centrão
Outro eixo importante do discurso foi a defesa das alianças partidárias. Alckmin tem sido criticado por fechar acordo com dirigentes, investigados e condenados, do grupo político conhecido como "Centrão" - bloco formado por PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade. "Não basta um homem e uma mulher, um governo de qualidade requer alianças", defendeu. "Aqueles que dizem que aprovarão reformas, sem o apoio da maioria dos partidos, mentem", completou.
Geraldo Alckmin fez questão de mencionar os partidos aliados e citou nominalmente os presidentes de alguns deles, como Roberto Jefferson (PTB), Gilberto Kassab (PSD), Ciro Nogueira (PP), ACM Neto (DEM), Valdemar Costa Neto (PR), Marcos Pereira (PRB) e Paulinho da Força (Solidariedade). A aliança com partidos que são associados a fisiologismo, um peso na candidatura, já havia sido defendida minutos antes pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso como necessária para governar.
Entre os presidentes de partidos aliados, no entanto, não estavam presentes Ciro Nogueira, denunciado no Supremo, Valdemar Costa Neto e Roberto Jefferson, presos no mensalão, e Marcos Pereira e Paulinho da Força, que são investigados pela Procuradoria-Geral da República. Só apareceram na foto ACM Neto, Roberto Freire e Gilberto Kassab, este último também investigado no STF.
O tucano disse ter sido abençoado por ter a senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice. "O seu apreço pela verdade é a marca dos que entram para a vida pública para lutar sem descanso. O que representa Ana Amélia na política? Ela é o verdadeiro novo e já fez muito mais do que os que fingem não serem políticos há décadas", disse. Nessa citação, ele direciona outra alfinetada a Bolsonaro, que tenta se distinguir dos políticos tradicionais, embora esteja há décadas na Câmara.
Alckmin também destacou que pretende investir no social. "Vamos mudar o Brasil para garantir a todos, especialmente aos mais humildes, direitos, condições dignas e oportunidades. Terei em mente sempre o sacrifício dos bóias-frias, dos seringueiros, dos operários e dos marreteiros. Temos mais que um sonho, temos um plano. Temos mais que um plano, temos um plano de governo elaborado pelas mentes mais brilhantes desse país", disse.
Alckmin afirmou ainda que o Estado é ineficiente e, assim, "penaliza aqueles que investem, produzem e geram emprego". Afirmou que pretende reformar o Estado "escutando o que o povo quer".