João Santana: sua entrada nas campanhas era feita a convite da própria empreiteira ou por meio de influência do ex-presidente Lula (STR/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de maio de 2017 às 13h16.
Brasília - A empresária Mônica Moura e seu marido, o marqueteiro João Santana, confirmaram em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a Odebrecht fez pagamentos a eles pelas campanhas presidenciais em Venezuela, El Salvador, Angola e Panamá.
De acordo com o marqueteiro, sua entrada nas campanhas era feita a convite da própria empreiteira ou por meio de influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na Venezuela, a contribuição para a campanha de Hugo Chávez em 2012 não veio só da Odebrecht. A Andrade Gutierrez também financiou os trabalhos com "contribuição de US$ 2 milhões", segundo Mônica Moura. Já a Odebrecht contribuiu com ao menos US$ 7 milhões.
Santana cita Venezuela e El Salvador como países em que o interesse maior era da "cúpula petista e do ex-presidente Lula". Em El Salvador, o pagamento foi feito no Brasil, segundo Mônica. O casal foi responsável pela campanha do presidente Maurício Funes, em 2009.
João Santana afirmou que chegou a conversar com Lula sobre a escassez de recursos. "Então ele (Lula) me disse: 'Olha, João, quanto?'".
Segundo ele, após responder que o valor girava em torno de US$ 1 milhão, Lula disse que Gilberto Carvalho (ex-ministro) avisaria Emílio Odebrecht que Santana iria procurá-lo. Depois de telefonar, Santana ouviu de Emílio Odebrecht: "Eu queria pedir o seguinte, João, entenda o que vou lhe falar, nada contra você, mas diga ao chefe que eu prefiro tratar desse assunto com o Italiano". Questionado, Emílio disse que Italiano era Palocci.
Procurado, o ex-ministro Gilberto Carvalho disse que não teve nenhuma relação com o financiamento da campanha de Maurício Funes em 2009. A defesa do ex-presidente Lula não se manifestou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.