MARCELO ODEBRECHT: empresário assumiu caixa 2 em pagamentos a João Santana e propina por aprovação de MP / Rodolfo Burher/Reuters
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 17h38.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h49.
Nas gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com diversos políticos e divulgadas em maio deste ano, o ex-presidente José Sarney definia o potencial destruidor de uma delação premiada da maior empreiteira do país, a Odebrecht, como um tiro de metralhadora ponto 100 na política brasileira — o maior calibre disponível para esse tipo de arma é ponto 50. Pois, cerca de cinco meses depois, chegou a hora do disparo. O Ministério Público Federal firmou um acordo com a empreiteira sobre o escopo da delação premiada do grupo, inclusive de seu ex-presidente Marcelo Odebrecht, preso há um ano e quatro meses.
A informação foi divulgada pelo jornal O Globo. Segundo uma fonte da publicação, as informações reveladas atingem “democraticamente” políticos de todos os grandes partidos do país, tanto do governo como da oposição. Já teriam sido citados durante a negociação os ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além do atual presidente, Michel Temer, e outros políticos do alto escalão dessas administrações.
Não há informação precisa sobre quantos executivos vão prestar depoimento aos procuradores, mas o número chega perto de 70 pessoas. Por isso, além de Curitiba, os procuradores devem conversar com os executivos em Brasília, São Paulo e Salvador. As informações apresentadas vão ser complementadas com as retiradas do setor da Odebrecht que servia exclusivamente para o pagamento de propinas, o Departamento de Operações Estruturadas. Dos dois sistemas que compunham a área, a Polícia Federal já teve acesso total a um deles e tenta “abrir” o segundo, que teria as informações mais exclusivas.