OAB recomenda que Sergio Moro e Dallagnol se afastem dos cargos
Afastamento dos envolvidos é recomendável "especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita", diz nota
João Pedro Caleiro
Publicado em 10 de junho de 2019 às 18h03.
Última atualização em 11 de junho de 2019 às 13h08.
São Paulo - O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ( OAB ) lançou nesta segunda-feira (10) uma nota em que recomenda por unanimidade que Sergio Moro se afaste do cargo de Ministro da Justiça e e Deltan Dallagnol do cargo de procurador da Lava Jato.
Apesar de não citar nominalmente os envolvidos, a nota deixa clara a referência ao caso das mensagens privadas, divulgadas neste domingo pelo site The Intercept, que mostram coordenação irregular entre o então juiz federal e o procurador, responsável pela Lava Jato em Curitiba.
A mesma recomendação para Moro também foi feita hoje pelo presidente da comissão especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM).
Deputados de oposição também planejam apresentar requerimentos para convocar o ministro a dar esclarecimentos ao Congresso.
Veja na íntegra a nota da OAB:
"O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Colégio de Presidentes de Seccionais, por deliberação unânime, manifesta perplexidade e preocupação com os fatos recentemente noticiados pela mídia, envolvendo procuradores da república e um ex-magistrado, tanto pelo fato de autoridades públicas supostamente terem sido “hackeadas”, com grave risco à segurança institucional, quanto pelo conteúdo das conversas veiculadas, que ameaçam caros alicerces do Estado Democrático de Direito.
É preciso, antes de tudo, prudência! A íntegra dos documentos deve ser analisada para que, somente após o devido processo legal – com todo o plexo de direitos fundamentais que lhe é inerente –, seja formado juízo definitivo de valor.
Não se pode desconsiderar, contudo, a gravidade dos fatos, o que demanda investigação plena, imparcial e isenta, na medida em que estes envolvem membros do Ministério Público Federal, ex-membro do Poder Judiciário e a possível relação de promiscuidade na condução de ações penais no âmbito da operação lava-jato. Este quadro recomenda que os envolvidos peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita.
A independência e imparcialidade do Poder Judiciário sempre foram valores defendidos e perseguidos por esta instituição, que, de igual modo, zela pela liberdade de imprensa e sua prerrogativa Constitucional de sigilo da fonte, tudo como forma de garantir a solidez dos pilares democráticos da República.
A Ordem dos Advogados do Brasil, que tem em seu histórico a defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado Democrático e do regular funcionamento das instituições, não se furtará em tomar todas as medidas cabíveis para o regular esclarecimento dos fatos, especialmente junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), Procuradoria-Geral da República (PGR), Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ), reafirmando, por fim, sua confiança nas instituições públicas."