Brasil

"O valor do que foi destruído é incalculável", diz diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais

Ainda não há um levantamento descritivo de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas, mas a equipe responsável fez uma avaliação preliminar de estragos em peças icônicas do acervo

Estrago patrimonial no prédio do Congresso Nacional, invadido na tarde deste domingo (8), por manifestantes bolsonaristas. É possível identificar objetos quebrados, cadeiras jogadas e vidros estilhaçados, além de extintores e mangueiras contra incêndio espalhadas pelo local.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)

Estrago patrimonial no prédio do Congresso Nacional, invadido na tarde deste domingo (8), por manifestantes bolsonaristas. É possível identificar objetos quebrados, cadeiras jogadas e vidros estilhaçados, além de extintores e mangueiras contra incêndio espalhadas pelo local. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 12h51.

Última atualização em 9 de janeiro de 2023 às 13h10.

O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, acredita que será possível recuperar a maioria das obras vandalizadas em ato terrorista nas sedes dos três Poderes neste domingo em Brasília. No entanto, ele avalia que a restauração do Relógio de Balthazar Martinot deverá ser "muito difícil".

"O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história que ele representa", afirmou Carvalho. "O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico. Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do Modernismo Brasileiro.

Os terroristas que invadiram o Palácio do Planalto neste domingo destruíram parte importante de seu acervo artístico e arquitetônico. Ainda não há um levantamento descritivo de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas, mas a avaliação preliminar feita pela equipe responsável aponta os seguintes estragos em peças icônicas do acervo:

No andar térreo:

Obra Bandeira do Brasil, de Jorge Eduardo, de 1995 — a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados.

Galeria dos ex-presidentes — totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.

No 2º andar:

O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias. O estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, pois é necessário aguardar a perícia e a limpeza dos espaços para só daí ter acesso às obras.

No 3º andar:

Obra As mulatas, de Di Cavalcanti — a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanho. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti. Seu valor está estimado em R$ 8 milhões, mas peças desta magnitude costumam alcançar valores até cinco vezes maior em leilões.

Obra O Flautista, de Bruno Jorge — a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliado em R$ 250 mil.

Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg — quebrada em diversos pontos. A obra se utiliza de galhos de madeira, que foram quebrados e jogados longe. A peça está estimada em R$ 300 mil.

Relógio de Balthazar Martinot — o relógio de pêndulo do século 17 foi um presente da Corte Francesa para dom João VI. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV. Existem apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto. O valor desta peça é considerado fora de padrão

LEIA TAMBÉM:

Acompanhe tudo sobre:BrasíliaCongressoJair BolsonaroProtestos no Brasil

Mais de Brasil

Natal tem previsão de chuvas fortes em quase todo o país, alerta Inmet

Governo publica decreto com regras sobre uso da força por policiais; veja pontos

Queda de ponte: caminhões despejaram 76 toneladas de ácido sulfúrico no Rio Tocantins, diz ANA

Daniel Silveira vai passar por audiência de custódia ainda nesta terça-feira, véspera de Natal