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O que o PSDB precisa fazer para virar o tabuleiro eleitoral

Para especialistas, baque do efeito Marina Silva na campanha tucana pode ser o gancho para que o partido reinvente suas estruturas nacionais – se quiser, claro


	Aécio Neves durante evento do PSDB em Belo Horizonte (MG): meta é virar o jogo eleitoral
 (Igo Estrela/Coligação Muda Brasil/Divulgação via Fotos Públicas)

Aécio Neves durante evento do PSDB em Belo Horizonte (MG): meta é virar o jogo eleitoral (Igo Estrela/Coligação Muda Brasil/Divulgação via Fotos Públicas)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 5 de setembro de 2014 às 15h00.

São Paulo – Isolado no terceiro lugar das pesquisas de intenção de voto, Aécio Neves (PSDB) subiu o tom nos ataques contra Marina Silva (PSB) no horário eleitoral de ontem. Oficialmente, a palavra de ordem dentro da campanha tucana é reverter o jogo desfavorável para o partido nestas eleições.

Mas o resultado eleitoral é apenas um dos problemas que atormentam o futuro do PSDB.

Para especialistas, o cambaleante desempenho do candidato na corrida rumo ao Planalto pode ser um dos sintomas de uma crise que amarga as estruturas do partido desde os tempos em que Fernando Henrique Cardoso ocupou o cargo máximo do país.

Com a chegada ao poder, o PSDB atraiu muita gente ao redor de si. “Este crescimento foi impulsionado por interesses regionais e como resultado de dissidências de outros partidos”, diz José Augusto Guilhon Albuquerque, professor da Universidade de São Paulo (USP).

Conclusão: o número de tucanos explodiu, mas sem coesão – algo muito comum à maioria dos outros partidos, incluindo o PT.

“Não há uma liderança voltada para as questões nacionais. As lideranças tendem a ser regionais, mais voltadas para conquistar o governo, para se estabelecer na região”, diz Albuquerque. Em outros termos, como define o professor Davi Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), “há muito cacique para pouca tribo”.

Nos últimos anos, tal crise de identidade rendeu um desfile de rachas e disputas internas. Segundo Roberto Romano, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a mais clássica aconteceu nos bastidores da política mineira e rendeu, em 2006 e 2010, os chamados votos “Lulécio” e “Dilmasia” – que elegeram, respectivamente, Lula e Dilma ao Planalto e Aécio e Antonio Anastasia no Palácio Tiradentes.

Essa condição interna é uma das explicações para a reação pouco contundente de Aécio diante da arrancada da candidata do PSB nas últimas semanas. “Se o partido tivesse uma estratégia nacional clara e unificada, o imprevisto do crescimento de Marina teria uma resposta estratégica”, diz o professor da USP.

A candidatura de Aécio não emplacou nem mesmo em Minas Gerais, seu berço eleitoral. Segundo pesquisa Datafolha divulgada hoje, o tucano está tecnicamente empatado com Marina no segundo lugar da corrida presidencial no estado.

São Paulo, outro reduto do PSDB, o candidato aparece com apenas 18% das intenções de voto apesar do candidato tucano Geraldo Alckmin liderar com folga a corrida para a reeleição no governo do estado.

Dos 11 candidatos aos governos estaduais lançados pelo partido, apenas quatro aparecem disparado na frente dos adversários nas pesquisas de intenção de votos do Ibope.

Minas tem o cenário mais crítico: Pimenta da Veiga (PSDB) aparece com 21% das intenções de voto contra os 37% declarados para o petista Fernando Pimentel, segundo sondagem do Ibope realizada no final de agosto. 

Para os especialistas, o baque do efeito Marina pode ser a chance para o partido se reinventar. “O PSDB precisa repensar sua militância e se redefinir programaticamente”, diz Romano. 

“Assim como ele foi vítima do próprio sucesso, ele pode ser beneficiado pelo próprio insucesso”, diz Albuquerque. “Ou ele tenta recuperar a sua relevância nacional ou fica um pouco como o DEM ou o PMDB, que são constituídos por um amontoado de facções regionais”.

Para o professor, esta alternativa também não é o fim do mundo. Nas eleições de 2012, o PMDB foi o partido que mais elegeu prefeitos no Brasil. 

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