O que o dinheiro desviado da Petrobras pode ter pagado
A contratação de prostitutas de luxo com dinheiro da estatal gerou protestos nesta semana, mas não foi o único "gasto" dos envolvidos no esquema
Rita Azevedo
Publicado em 22 de julho de 2015 às 06h01.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h37.
São Paulo – Alvo de protestos nesta semana, a contratação de serviços de prostitutas de luxo com recursos da Petrobras não foi a única forma encontrada por diretores da empresa, políticos e operadores para gastar o dinheiro desviado no esquema de corrupção . Desde o início da Operação Lava Jato , em março de 2014, a Polícia Federal descobriu uma série de bens que, supostamente, teriam sido pagos com dinheiro vindo da Petrobras. São joias, carros e até obras de arte que, segundo a polícia, eram usados para ocultar a origem do dinheiro ilícito. Veja, nas fotos, alguns dos bens apreendidos durante a investigação ou devolvidos à Justiça nos casos de acordos de delação premiada.
Cerca de 150 mil reais foram gastos com o pagamento de serviços de prostituição de luxo para diretores da Petrobras e políticos. A informação aparece em relatos do doleiro Alberto Youssef e do emissário dele, Rafael Angulo Lopez. Ambos assinaram acordo de delação premiada com a Justiça. De acordo com Yousseff e Lopez, algumas das garotas contratadas são conhecidas pela exposição em capas de revistas, desfiles de escolas de samba e programas de TV. Cada programa custava até 20 mil reais.
Coleções inteiras de relógios de luxo foram apreendidas pela Polícia Federal na operação Lava Jato. Só na sede de Arxo, fabricante de tanques de combustível e alvo da nona fase da operação, foram apreendidos cerca de 500 relógios. As peças estavam escondidas no fundo falso de um armário junto com perfumes e dinheiro vivo. Na casa do doleiro Alberto Yousseff - um dos principais personagens do esquema de corrupção - foram encontrados mais algumas peças: 11 da marca suíça Rolex, nove Hublots, dois Montblanc, dois Breitling, dois Cartier, um Vacheron, um Chopard e um Baume & Mercier.
Di Cavalcanti, Vik Muniz e Iberê Camargo são alguns artistas cujas obras foram compradas com dinheiro sujo. Só na casa da doleira Nelma Kodama, ex-namorada do doleiro Alberto Yousseff e condenada a 18 anos de prisão, foram apreendidas 16 obras de arte. Entre elas está um original de Di Cavalcanti avaliado em 3 milhões de dólares. Outras 48 peças foram apreendidas na casa de Zwi Skornicki, representante oficial da empresa Keppel Fels e suspeito de ser um dos operadores do esquema de corrupção. Na 10° fase da Lava Jato, a lista de obras aumentou consideravelmente com a apreensão de mais de cem telas do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque. O destino das peças é o Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba. De acordo com a Polícia Federal, 245 obras de arte, entre quadros e esculturas, foram encaminhados ao museu. Uma parte dessas peças fica exposta no MON até novembro na mostra "Obras sob guarda".
Na manhã do dia 14 de julho, a Polícia Federal apreendeu na casa do senador e ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTB-AL) três automóveis: uma Ferrari 458 Itália, um Lamborguini Aventador LP 700-4 e um Porsche Panamera S. Os carros de luxo são os mais recentes exemplos de automóveis apreendidos pela Polícia Federal no desenrolar da Lava Jato, mas não são os únicos. Outro que aparece na lista das apreensões é um Porsche modelo Cayman leiloado no final de março. O automóvel pertencia a Nelma Kodama, denunciada por organização criminosa, crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Uma lancha Costa Azul, avaliada em pouco mais de um milhão de reais foi apenas um dos bens que, segundo a Justiça, foram comprados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa com dinheiro da estatal. Costa se comprometeu a entregar a lancha à Justiça em seu acordo de delação premiada, assinado em setembro de 2014. No mesmo documento, Costa aceita entregar um terreno em Mangaratiba, avaliado em 202 mil reais e um veículo Ranger Evoque, avaliado em 300 mil reais.
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