GOVERNO: cada líder partidário se acha no direito de indicar nomes para vários postos / Ueslei Marcelino / Reuters
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2016 às 06h00.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h24.
Em 35 dias de governo, o presidente interino Michel Temer saiu de Brasília em apenas uma ocasião: na última terça-feira, quando visitou as instalações das Olimpíadas no Rio.
As bombas diárias, quase sempre relacionadas à Lava-Jato, impedem qualquer fuga da realidade política da capital federal. Nesta semana, ele visitaria as cidades de Arapiraca, em Alagoas, para sancionar um incentivo a pequenos agricultores, e Floresta, em Pernambuco, para vistoriar uma obra de transposição do Rio São Francisco. Ambas foram cancelas.
Para hoje, estava planejado um pronunciamento em rádio e TV aos brasileiros para fazer um balanço de seu primeiro mês no poder e acusar uma “herança maldita” deixada por Dilma Rousseff. Também foi cancelado. A causa? A citação de seu nome na delação de Sérgio Machado e o receio de um panelaço constrangedor. Temer preferiu apenas o curto pronunciamento de ontem, quando voltou a negar qualquer envolvimento com as denúncias.
Enquanto isso, apesar da melhora no ambiente econômico, cujos efeitos tendem a ser de médio prazo, a imagem de seu governo está longe de ser incrível. Um levantamento que chegou ao Palácio do Planalto mostrou uma percepção geral de um governo com tolerante com a corrupção. Outra pesquisa, do MDA e da CNI, mostrou que Temer ainda é um desconhecido do público: 30,5% não souberam opinar a respeito de sua administração.
No Palácio, espera-se uma semana sem tumulto para que Temer use a cadeia de rádio e TV e finalmente se apresente à população. Se depender das delações a caminho, o “muito prazer, eu sou o Michel” ainda pode demorar um bom tempo.