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O lado invisível da violência doméstica, segundo a ONU

23% das mulheres vítimas de violência domésticas nas capitais no Nordeste já recusaram alguma oportunidade de emprego porque o parceiro era contra

Violência doméstica (Getty Images/Getty Images)

Violência doméstica (Getty Images/Getty Images)

Valéria Bretas

Valéria Bretas

Publicado em 24 de novembro de 2017 às 06h30.

Última atualização em 24 de novembro de 2017 às 06h30.

São Paulo – Um levantamento inédito divulgado nesta quinta-feira (23) pela ONU Mulheres mostra que a violência doméstica vai muito além de uma agressão física e tem impactos na maneira como as vítimas lidam com a própria vida.

Para chegar a essas conclusões, os autores do estudo  "Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher" ouviram 10 mil moradoras das capitais da região Nordeste com idade entre 15 e 49 anos. Dessas, 27%  já foram vítimas de violência doméstica em algum momento da vida.  Nos últimos 12 meses,  11% foram alvo de violência psicológica, enquanto 5% sofreram agressões físicas e 2% violência sexual.

Das mulheres que já foram vítimas de algum tipo de violência doméstica, 23%  admitiram que já recusaram ou desistiram de alguma oportunidade de emprego nos últimos 12 meses porque o parceiro se posicionou contra. Aproximadamente 17% das vítimas repassam parte ou totalidade dos seus rendimentos para os respectivos parceiros. Em tempo: controlar o dinheiro de uma mulher contra a sua vontade é considerado crime no Brasil.

“A violência doméstica, a despeito de ser um problema grave de negação de direitos humanos fundamentais e de saúde pública, produz impactos negativos na capacidade dessas vítimas atuarem de maneira produtiva e plena no mercado de trabalho”, diz o relatório.

A pesquisa também revela como a violência afeta o bem-estar da mulher. Quase metade delas, por exemplo, não consegue se concentrar  — entre aquelas que não foram vítimas de violência, a proporção é de 34% na mesma situação. Veja os dados:

Como a violência doméstica impacta a vida das mulheres nordestinas

As cidades de Salvador (BA), Natal (RN) e Fortaleza (CE)  concentram a maior proporção de mulheres que admitem serem vítimas recorrentes de violência doméstica ao longo da vida. Veja o ranking:

Prevalência de violência física ao longo da vida (%)

O que é considerado violência doméstica?

No Brasil, a principal norma de combate a violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha, abrange uma série de abusos no rol de crimes que (muitas vezes) são esquecidos. Xingar, restringir a liberdade de crença e quebrar objetos da mulher, por exemplo, são algumas agressões previstas pela lei. Veja outros atos considerados como violência doméstica:

- Controlar a liberdade de crença;

- Humilhar, xingar e diminuir a autoestima;

- Controlar suas ações e decisões;

- Destruir parcialmente ou  totalmente seus objetos;

- Impedir a prevenção da gravidez;

- Reter o dinheiro da mulher contra a sua vontade.

 

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