Michel Temer: o presidente tem dito que uma nova fase do governo começa a partir de quinta; resta saber que fase é essa (Ueslei Marcelino/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 2 de agosto de 2017 às 06h44.
Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 07h42.
Tão importante quanto o resultado da votação na Câmara sobre o prosseguimento das denúncias contra Michel Temer é o placar da disputa. Apesar de a oposição já dar a derrota como certa, analistas políticos aguardam ansiosamente os números finais. Os mais otimistas aliados do governo falam em até 380 votos a favor de Temer entre os 513 deputados (Temer precisa de 172). Mas as projeções mais pé-no-chão apontam para algo entre 200 e 300 votos.
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Temer tem afirmado que a partir desta quarta-feira começa a “segunda fase de seu governo”. Resta saber que fase é essa. Se não conseguir sequer maioria absoluta, o presidente sairá da disputa enfraquecido e sem capacidade de aprovar novas reformas que têm sustentado o discurso do Planalto. Também fica à mercê de novas denúncias da Procuradoria-Geral da República.
Em caso de maioria, Temer joga a batata quente para as mãos do procurador Rodrigo Janot, que fica no cargo até setembro e ontem voltou a ser criticado pelo ministro do Supremo Gilmar Mendes. Segundo Vera Magalhães, colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Janot pode não ter mais novos elementos nem ímpeto para disparar novas flechas na direção do presidente.
Mesmo que afaste novas denúncias, Temer terá que lidar com uma possível revolução na base aliada. O maior partido da base, o PSDB, sai do processo rachado, e deve ter mais de 20 deputados votando contra o planalto. Os partidos do centrão, como PP, PR e PSD, que assumiram a linha de frente na defesa do governo, vão exigir mais cargos, o que pode precipitar mudanças nos ministérios.
O vale-tudo político que o governo usou para se manter no poder cobrará seu preço até o fim de 2018. Temer deve ficar, mas os métodos usados não são um bom prenúncio para os 17 meses que faltam até o fim do governo.