DILMA: ela deve ressaltar o discurso de golpe, e pode reavivar a ideia de novas eleições / Adriano Machado/ Reuters
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2016 às 06h23.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h02.
Na noite de ontem, Dilma Rousseff ainda pôde dormir no Palácio da Alvorada, mas não dará mais expediente no Palácio do Planalto. Nesta sexta-feira, ela deve viajar a Porto Alegre, onde mora sua filha, para o fim de semana.
Daí para a frente, nos próximos meses, Dilma deve intensificar viagens dentro e fora do país para reforçar o discurso de que está sofrendo um golpe. “Bater nessa tecla não vai reverter o impeachment, mas marca o lugar de oposição do PT durante o governo Temer e prepara a corrida para as eleições de 2018”, diz Ricardo Ribeiro, consultor político da MCM Associados.
Uma agenda que pode voltar a ganhar força é a de novas eleições. A lógica seria constranger o novo governo ao lembrar que, com voto popular, Michel Temer não teria muita chance de chegar à Presidência. Nas últimas semanas, a tentativa de pautar novas eleições fracassou pela dificuldade de apoio do Congresso e por oposição de correntes do PT, como a CUT e o MST. A avaliação é que o apoio tanto no Congresso quanto no partido pode crescer se o governo Temer demorar a mostrar resultados.
Em caso de sucesso do novo governo, Dilma deve ser pouco a pouco abandonada por seus colegas de partido. “A tendência é que o PT volte a se tornar um partido de esquerda e afaste naturalmente nomes que não têm tanta ligação com sua história, como é o caso de Dilma”, diz Carlos Manhanelli, consultor da Manhanelli Associados.
Caso não surja nenhum percalço, como uma nova investida da Lava-Jato, Lula continuará sendo o nome que ligará todas as correntes internas. Para Dilma, sem o apoio do PT e com direitos políticos cassados, deve sobrar o ostracismo. Pelo menos, ela terá mais tempo para seus passatempos favoritos: andar de bicicleta pelas manhãs, de moto pelas madrugadas e assistir a séries no Netflix — sua favorita é Downton Abbey.