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O desafio dos 100%

O Distrito Federal exibe números invejáveis em saneamento, mas tem um nó a desatar

Lago Paranoá: a água tratada chega com 99% de qualidade (--- [])

Lago Paranoá: a água tratada chega com 99% de qualidade (--- [])

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h29.

As estatísticas oficiais mostram que o Distrito Federal conta com uma infra-estrutura de saneamento básico comparável à dos países desenvolvidos. A coleta de esgoto beneficia 96% das áreas residenciais e comerciais. A água encanada chega a 98% dos imóveis. As 17 estações espalhadas pelas cidades-satélites tratam todo o esgoto coletado e devolvem a água ao meio ambiente com 99% de qualidade. A modernização do sistema de esgoto é resultado de um investimento de mais de 700 milhões de reais realizado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) nos últimos sete anos. São números que apontam para a virtual universalização dos serviços de saneamento.

Os bons indicadores, no entanto, não mostram toda a realidade. Apesar de positivas, as estatísticas do governo ignoram uma fatia importante do Distrito Federal, uma área onde vive mais de meio milhão de pessoas, quase 25% da população local. Os excluídos dos cálculos oficiais ocupam áreas consideradas irregulares, chamadas de condomínios -- lotes ainda não reconhecidos como setores habitacionais da capital federal. Por serem irregulares, esses terrenos, que abrigam famílias de todas as classes sociais, foram deixados de fora do planejamento da Caesb. O poder público diz que não pode levar saneamento básico a áreas ilegais para não incentivar uma situação habitacional irregular.

Indicadores que causam inveja
Números do Distrito Federal em comparação à média nacional
 Distrito FederalBrasil
Imóveis com coleta de esgoto
96%
50,3%
Imóveis com água encanada
98%
95,4%
Tratamento do esgoto coletado
100%
31,3%
Fontes: Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 2004

No entanto, para o engenheiro sanitarista Ricardo Bernardes, professor da Universidade de Brasília (UnB), a exclusão dessas regiões traz riscos gravíssimos para o meio ambiente. Sem coleta de esgoto, os moradores constroem fossas, que podem contaminar o lençol freático. "Sem ter por onde escorrer, o caldo da fossa acaba indo parar na água que a população utiliza", diz Bernardes. Ele defende que toda a população seja atendida, mesmo que viva em áreas irregulares. "O saneamento universal é um dos direitos essenciais previstos na Constituição. Por isso, 100% da população deve ter acesso a sistema de água e esgoto", afirma.

 

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