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O cabo de guerra da Previdência

A quarta-feira foi marcada pela primeira grande onda de protestos Brasil afora contra a reforma da Previdência. Pelo menos 13 capitais registraram atos, que miraram ainda as reformas trabalhista e do ensino médio e a ampliação da terceirização do trabalho. Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), principal entidade envolvida na organização dos protestos, “o […]

MANIFESTANTES CONTRA A PREVIDÊNCIA: o maior desafio do governo em 2017  / Ueslei Marcelino/ Reuters

MANIFESTANTES CONTRA A PREVIDÊNCIA: o maior desafio do governo em 2017 / Ueslei Marcelino/ Reuters

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2017 às 18h34.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h14.

A quarta-feira foi marcada pela primeira grande onda de protestos Brasil afora contra a reforma da Previdência. Pelo menos 13 capitais registraram atos, que miraram ainda as reformas trabalhista e do ensino médio e a ampliação da terceirização do trabalho. Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), principal entidade envolvida na organização dos protestos, “o movimento surpreendeu em todo o país”.

Em Brasília, milhares de manifestantes ocuparam a Esplanada dos Ministérios, e centenas de cruzes foram colocadas no gramado. Militantes sem-teto e sem-terra aproveitaram para invadir o prédio do Ministério da Fazenda, quebrando vidraças. Mas os maiores impactos foram sentidos em São Paulo, onde a paralisação dos ônibus e de parte do metrô deixou milhões de pessoas sem transporte no início da manhã — a partir das 8 horas as linhas começaram a retomar a operação. Houve bloqueios em rodovias como Dutra, Ayrton Senna, Castelo Branco e Régis Bittencourt. Manifestantes começaram a se encontrar às 16 horas na Avenida Paulista, onde na noite de hoje está previsto o maior protesto do dia, com a presença anunciada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A avenida está fechada nos dois sentidos. Professores do estado ainda aprovaram greve para os dias 28, 29 e 30 de março.

Sem citar os protestos, o presidente Michel Temer intensificou o discurso em defesa da reforma num evento com servidores e empresários. “Nós apresentamos um caminho para salvar a Previdência do colapso, para salvar os benefícios dos aposentados de hoje e dos jovens que se aposentarão amanhã. Quem tem direito adquirido, ainda que esteja no trabalho, não vai perder nada do que tem. Mas é prevenir o Brasil do futuro”, afirmou. O presidente disse ainda que não adianta fazer uma proposta modesta, que terá de ser refeita em quatro anos, “como em Portugal, Espanha e Grécia”.

O governo pretende, ainda nesta semana, veicular campanhas televisivas e nas redes sociais para rebater o discurso dos opositores à reforma. Em uma das iniciativas, lançou um vídeo para contestar uma campanha do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, narrada pelo ator Wagner Moura. Enquanto isso, a Justiça Federal determinou nesta quarta-feira a suspensão da campanha publicitária feita pelo governo para defender a reforma, alegando “desvio de finalidade”. A campanha afirma que, se a proposta de reforma não for aprovada, benefícios como o Bolsa Família serão extintos. O clima dos dois lados tende a esquentar com a aproximação da votação na Câmara — pelos cálculos do governo, apenas 30% dos deputados garantem votar no texto atual. É sem dúvida o maior desafio político do Planalto.

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