"O Brasil não precisa de showman", diz Alckmin
Para Alckmin, a eventual realização de prévias no partido para definir os candidatos que concorrerão aos cargos majoritários deveria ocorrer antes de março
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de dezembro de 2017 às 10h04.
São Paulo - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), rebateu nesta quarta-feira, 27, em entrevista à Radio Jovem Pan, críticas de que não seria "carismático", o que dificultaria sua candidatura à Presidência da República em 2018.
"O Brasil não precisa de showman. Quem quiser showman vai no show do Tom Cavalcanti, que é um gênio do humorismo. O Brasil precisa de governo, que seja eficiente, que reduza o tamanho do Estado, que faça inclusão, que tenha competitividade, reformas, uma agenda modernizante", disse.
Alckmin atacou ainda o que chamou de "discurseira". "Não sou da ribalta. Acho que essa coisa da discurseira, da ribalta, é coisa meio atrasada. Nós precisamos de resultado, de eficiência, de trabalho, falar a verdade para as pessoas. Não tem mágica, é ser transparente."
Alckmin já anunciou sua intenção de disputar novamente o Palácio do Planalto - ele foi candidato em 2006, quando foi derrotado no segundo turno pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Internamente, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, também postula a indicação como presidenciável do PSDB em 2018.
Para o governador, a eventual realização de prévias no partido para definir os candidatos que concorrerão aos cargos majoritários deveria ocorrer antes de março do ano que vem. Esse é o prazo final da janela partidária, quando políticos podem mudar de legenda para concorrer.
Sobre o apoio ao vice-governador Marcio França (PSB) em uma eventual candidatura ao governo do Estado, ao mesmo tempo em que o PSDB também deve lançar um candidato próprio, Alckmin avaliou que o ideal seria que a coligação entre os dois partidos se mantivesse, mas, caso não seja possível, disse que a aliança pode ser retomada em um eventual segundo turno.
"É legitimo, é natural. Qualidades não lhe faltam. Mário Covas dizia que ele (França) foi um dos melhores prefeitos de São Vicente. O ideal é que estejamos juntos e tem tempo para isso", afirmou. "Ideal é que mantivéssemos coligação, (mas) se não tivermos, para isso temos segundo turno."
Para Alckmin, a questão de uma eventual saída de João Doria (PSDB) da Prefeitura é de "foro íntimo". "De um lado é cedo você deixar a Prefeitura, no segundo mandato é mais natural do que no primeiro. Agora, de repente, a população pode entender que é uma alternativa para o governo do Estado. Doria é muito trabalhador, inteligente, preparado. Acho que ele vai tomar essa decisão mais próximo do tempo que é a primeira semana de abril."
Lava Jato
Ao falar sobre a influência da Lava Jato nas eleições do próximo ano, Alckmin afirmou que a operação mudou o Brasil e que o saldo é positivo, por causa do fortalecimento das instituições. Para ele, "ninguém vai segurar" a operação.
Alckmin foi citado na delação da Odebrecht e a Procuradoria-Geral da República pediu a abertura de inquérito contra o governador no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O procedimento está sob segredo de Justiça. O governador nega qualquer irregularidades.
O tucano também voltou a dizer que o governo é vítima no caso do cartel no setor metroviário em São Paulo. "Se tiver algum agente público envolvido ele será punido." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.