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Nova variante do coronavírus já deve estar no Brasil, mas vacinas funcionam, diz Gonzalo Vecina

Uma nova variante do coronavírus foi identificada na Índia e despertou a atenção dos cientistas por ser mais transmissível

Uso de máscara: item reduz possibilidade de contágio. (Andre Coelho/Bloomberg)

Uso de máscara: item reduz possibilidade de contágio. (Andre Coelho/Bloomberg)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 13 de julho de 2022 às 11h15.

Uma nova variante do coronavírus que foi identificada na Índia e despertou a atenção dos cientistas já deve estar circulando no Brasil. Na opinião de Gonzalo Vecina, um dos maiores médicos sanitaristas do país e que foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entre 1999 e 2003, a chamada BA.2.75 deve ter casos ainda não registrados no país. Até o momento, o Ministério da Saúde não confirmou que há esta subvariante da ômicrom por aqui. 

"Eu não vejo como impedir que essa variante chegue ao país. Eu acredito que ela já está cuculando porque fazemos poucos testes e poucos testes de sequenciamento do vírus", afirmou ele em entrevista à EXAME.

Essa nova cepa do coronavírus ligou um sinal de preocupação entre os cientistas porque ele se mostra com uma capacidade maior de infecção, superando as anteriores que já tinham um potencial grande de contaminação. Ainda não está claro se as vacinas existes são capazes de neutralizar complemente essa nova variante do vírus, mas a boa notícia é que, por enquanto, os imunizantes são capazes de impedir as formas mais graves da doença e mortes.

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"Não acredito que ela tenha condição de piorar o quadro que nós já temos. O que ela pode sim é ser mais infectiva  do que a a BA.4 e BA.5 que já são comparadas ao sarampo há muito tempo. Ou seja, com uma capacidade de disseminação imensa. A BA.2.75 parece que é tanto quanto ou mais. Não há notícia de que ela não responda em nada as vacinas existentes. Vamos continuar com a situação que nós já temos: de uma grande proteção dos vacinados em relação à mortes e doenças graves", diz Vecina.

Essa última mutação do coronavírus foi vista em vários estados distantes da Índia e parece estar se espalhando mais rápido do que outras variantes lá, disse à AP Lipi Thukral, cientista do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial do Instituto de Genômica e Biologia Integrativa em Nova Délhi.

Não há relato ainda de sintomas específicos para essa variante, como ocorreu em outros casos. O que se sabe, de acordo com relato dos especialistas, é que a maior parte das pessoas infectadas fica assintomática ou tem sintomas leves, muito em decorrência da vacinação. Coriza, febre e cansaço são os principais sintomas. A perda de olfato e paladar, muito comum no começo da pandemia, não é mais tão predominante com esta variante.

Gonzalo Vecina avalia que as medidas de proteção no momento são mais individuais do que coletivas, sobretudo com pessoas mais vulneráveis, como idosos e que tenham algum tipo de comorbidade.

"Com uma variante tão violenta, do ponto de vista de infecção, e com uma letalidade baixa, eu acho que não tem como decretar nenhum tipo de isolamento aqui no Brasil. Quem quer se proteger de ter a doença, vai ter que usar a máscara sempre e vai ter que evitar contato com pessoas que estão com sintomas", diz.

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Como funcionam as vacinas disponíveis no Brasil?

Todas as vacinas visam ajudar o organismo a desenvolver anticorpos contra o vírus, como explica Katherine O’Brien, diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Há duas grandes categorias de abordagem para fazer isso. A primeira é colocar na vacina parte da proteína do vírus ou a própria proteína. A segunda é dar instruções ao organismo sobre o modo de fabricar o anticorpo. É uma nova estratégia e que podemos desenvolver vacinas rapidamente”, explica.

Pfizer/BioNTech

A vacina do laboratório Pfizer/BioNTech usa a nova tecnologia indicada pela epidemiologista da OMS, chamada de genética do RNA mensageiro. Dentro da vacina há uma proteína do coronavírus que estimula o corpo a produzir anticorpos e impedir a infecção. Ela é aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias.

Fiocruz/AstraZeneca e Janssen

Essas vacinas são desenvolvidas com uma tecnologia muito conhecida, principalmente na produção de imunizantes contra a gripe. Os cientistas usam um adenovírus, que é inofensivo aos seres humanos, e o modificam geneticamente para que ele contenha uma forma muito parecida com a do coronavírus e que não cause a doença. Isso ajuda o sistema imunológico a desenvolver anticorpos contra a covid-19, capazes de neutralizar a infecção.

A Fiocruz/AstraZeneca é aplicada em duas doses. A da Janssen é em dose única.

Instituto Butantan/Sinovac e Covaxin

A tecnologia da vacina Coronavac utiliza o vírus inativado, ou seja, em uma forma que ele seja incapaz de deixar uma pessoa doente. Como o contato é feito com um vírus “morto”, a vacina consegue mandar uma mensagem ao nosso organismo para criar defesas e estar preparado quando ele entrar em contato com o coronavírus real e ativo. Ela é aplicada em duas doses.

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