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No Natal, Dirceu ganhou roupa branca e comeu frango

Quem era difícil de presentear por já ter tudo, ganhou de Natal bermudas e camisetas brancas novas, sem bolso, como manda o "dress code"

Na sede da Polícia Federal, em São Paulo, José Dirceu faz gesto de protesto ao se entregar por condenação no caso do Mensalão (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2014 às 19h13.

Brasília - Em 2005, ano em que o escândalo do mensalão foi revelado, o ex-ministro José Dirceu celebrou a virada para 2006 com amigos poderosos e champanhe em Saint Martin, no sul da França. Oito anos e uma condenação depois, a única tradição das festas de fim de ano que conseguiu manter foi vestir branco da cabeça aos pés no réveillon - cor obrigatória para detentos da penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, onde ele e outros condenados do mensalão estão presos desde novembro do ano passado.

Na virada de 2005, Dirceu festejou ao lado do escritor Paulo Coelho, outros literatos e empresários brasileiros e europeus. Desta vez, não pode receber nenhuma visita e celebrou as datas na companhia dos colegas de cela, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, os ex-deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Bispo Rodrigues (PR-RJ), e o ex-tesoureiro do PL, Jacinto Lamas. Ele e os colegas conversam basicamente sobre política e estão informados sobre tudo o que está acontecendo no País, segundo uma pessoa próxima que o visita regularmente. "Existe uma corrente elétrica de informações que corre lá dentro", afirma a mesma fonte.

A ceia de Natal dos políticos detidos, assim como dos demais custodiados do Centro de Internação e Reintegração da Papuda, foi composta por arroz, feijão, salada e frango, arranjados em marmitex. Na véspera de 2014, o frango foi substituído por carne. Os homens não tiveram a mesma regalia das presas do centro de detenção feminino. Por conta do ano novo, as mulheres receberam um incremento na marmita: pernil assado e "farofa rica". Gentileza, para elas, da empresa fornecedora dos alimentos.

Dirceu, a quem era difícil de presentear por já ter tudo, ganhou de Natal bermudas e camisetas brancas novas, sem bolso, como manda o "dress code". Presente de sua primeira ex-mulher, a empresária Clara Becker - aquela que se casou e teve um filho com Carlos Henrique Gouveia de Mello, sem saber que tratava-se do jovem Dirceu, militante procurado pela ditadura militar e disfarçado de garoto órfão de raízes argentinas.

Pela primeira vez, ela foi com a neta e o filho, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), visitar o ex-ministro na cadeia. Clara queria levar uns assados preparados por ela mesma, que sempre alegraram o ex-marido. Mas Zeca vetou.

Agitado

Sobre o reencontro dos dois dias antes do Natal, que não se viam desde que ele foi preso pela Polícia Federal, ela confidencia: "Ele parecia muito agitado. Falava muito rápido e repetia várias vezes a mesma coisa", contou ela à reportagem. "Ele tenta se fazer de forte para não preocupar a gente, mas sei que está sofrendo muito."

Como moram em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, Clara e a neta pretendem enviar cartas semanalmente para o ex-ministro, contando o dia a dia delas para distraí-lo. "Aqui fora ele sempre foi um homem muito ocupado, às vezes a gente ligava e ele não podia falar. Agora está com tempo de sobra. Pode ser que ele leia as nossas cartas uma, duas, até três vezes, para ter companhia, não é?", imagina Clara.

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Brasília - Em 2005, ano em que o escândalo do mensalão foi revelado, o ex-ministro José Dirceu celebrou a virada para 2006 com amigos poderosos e champanhe em Saint Martin, no sul da França. Oito anos e uma condenação depois, a única tradição das festas de fim de ano que conseguiu manter foi vestir branco da cabeça aos pés no réveillon - cor obrigatória para detentos da penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, onde ele e outros condenados do mensalão estão presos desde novembro do ano passado.

Na virada de 2005, Dirceu festejou ao lado do escritor Paulo Coelho, outros literatos e empresários brasileiros e europeus. Desta vez, não pode receber nenhuma visita e celebrou as datas na companhia dos colegas de cela, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, os ex-deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Bispo Rodrigues (PR-RJ), e o ex-tesoureiro do PL, Jacinto Lamas. Ele e os colegas conversam basicamente sobre política e estão informados sobre tudo o que está acontecendo no País, segundo uma pessoa próxima que o visita regularmente. "Existe uma corrente elétrica de informações que corre lá dentro", afirma a mesma fonte.

A ceia de Natal dos políticos detidos, assim como dos demais custodiados do Centro de Internação e Reintegração da Papuda, foi composta por arroz, feijão, salada e frango, arranjados em marmitex. Na véspera de 2014, o frango foi substituído por carne. Os homens não tiveram a mesma regalia das presas do centro de detenção feminino. Por conta do ano novo, as mulheres receberam um incremento na marmita: pernil assado e "farofa rica". Gentileza, para elas, da empresa fornecedora dos alimentos.

Dirceu, a quem era difícil de presentear por já ter tudo, ganhou de Natal bermudas e camisetas brancas novas, sem bolso, como manda o "dress code". Presente de sua primeira ex-mulher, a empresária Clara Becker - aquela que se casou e teve um filho com Carlos Henrique Gouveia de Mello, sem saber que tratava-se do jovem Dirceu, militante procurado pela ditadura militar e disfarçado de garoto órfão de raízes argentinas.

Pela primeira vez, ela foi com a neta e o filho, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), visitar o ex-ministro na cadeia. Clara queria levar uns assados preparados por ela mesma, que sempre alegraram o ex-marido. Mas Zeca vetou.

Agitado

Sobre o reencontro dos dois dias antes do Natal, que não se viam desde que ele foi preso pela Polícia Federal, ela confidencia: "Ele parecia muito agitado. Falava muito rápido e repetia várias vezes a mesma coisa", contou ela à reportagem. "Ele tenta se fazer de forte para não preocupar a gente, mas sei que está sofrendo muito."

Como moram em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, Clara e a neta pretendem enviar cartas semanalmente para o ex-ministro, contando o dia a dia delas para distraí-lo. "Aqui fora ele sempre foi um homem muito ocupado, às vezes a gente ligava e ele não podia falar. Agora está com tempo de sobra. Pode ser que ele leia as nossas cartas uma, duas, até três vezes, para ter companhia, não é?", imagina Clara.

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