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No 1º pleito, Tarcísio vence e diz que buscará 'entendimento' com governo federal

Na primeira entrevista coletiva após ser eleito, o ex-ministro disse que o resultado das urnas é "soberano" e prometeu buscar entendimento com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Ministro da Infraestrutura, Tarcisio de Freitas (Alberto Ruy/MInfra/Flickr)

Ministro da Infraestrutura, Tarcisio de Freitas (Alberto Ruy/MInfra/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de outubro de 2022 às 07h54.

O engenheiro Tarcísio de Freitas (Republicanos), de 47 anos, confirmou o favoritismo apontado pelas pesquisas e vai governar o Estado mais rico do País a partir de 2023. Ex-ministro de Infraestrutura no governo Jair Bolsonaro (PL), o candidato somou 55,27% (13.480.190) dos votos válidos ante 44,73% (10.908.972) do adversário, Fernando Haddad, do PT.

Na primeira entrevista coletiva após ser eleito, o ex-ministro disse que o resultado das urnas é "soberano" e prometeu buscar entendimento com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Vamos olhar para frente e defender os interesses do Estado. Estaremos lá para conversar se tiver uma convocação. Vamos buscar entendimento com o governo federal", disse Tarcísio sem citar o nome de Lula.

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Entre aliados e correligionários estavam na entrevista lideranças tucanas e o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Tarcísio anunciou que o coordenador do seu plano de governo, Guilherme Affif Domingos, vai liderar a transição. O secretário de Governo, Marcos Penido, vai representar o governador Rodrigo Garcia (PSDB) na transição. Na entrevista, Tarcísio reiterou a promessa de acabar com a obrigatoriedade do comprovante de vacina no serviço público, mas afirmou que vai avaliar a retirada das câmeras do uniforme dos policiais militares e a privatização da Sabesp, a companhia de saneamento básico do Estado.

PERFIL

Nascido no Rio e sem relação com São Paulo até setembro do ano passado, quando informou ter se mudado para São José dos Campos, no interior, Tarcísio tem pela frente agora o desafio de criar um grupo político próprio com quadros de sua confiança após 28 anos de consecutivas administrações do PSDB. Será o primeiro teste prático do técnico que virou político para dar continuidade ao projeto bolsonarista.

Mas, além de seu partido, que orbita na área de influência da Igreja Universal, e do PL, de Bolsonaro, o futuro governador terá uma série de outros aliados a atender. Ao receber o apoio dos tucanos no segundo turno, União Brasil e PP também se uniram à lista de siglas que esperam manter seus respectivos indicados numa futura máquina.

Durante a transição, a gestão Garcia estima deixar em caixa cerca de R$ 30 bilhões ao ex-ministro, o que equivaleria a seis folhas de pagamento. Um recorde, segundo os tucanos, que destacam a austeridade fiscal como um legado.

Habituado a números, Tarcísio ainda pode ter a sorte de administrar o Estado com um orçamento superior a R$ 317 bilhões no próximo ano, de acordo com projeção da Lei Orçamentária Anual (LOA) em debate na Assembleia Legislativa.

Apesar da vitória, Tarcísio não fez uma bancada ampla de deputados estaduais. Foram eleitos 8 candidatos do Republicanos, mas o futuro governador conta com o apoio dos aliados de Bolsonaro para aprovar projetos na Alesp. Somente o PL elegeu 19 parlamentares, mesmo número, no entanto, que os eleitos pela federação formada por PT e PCdoB.

PRIMEIRO TURNO

O ex-ministro promete montar um gabinete com vozes moderadas, sem a preocupação de "destucanizar" o governo. Também já deixou claro que pastas tidas por ele como sensíveis ficarão em sua cota pessoal. Deve ser o caso das secretarias de Transporte e Logísticas e Habitação, hoje nas mãos do União Brasil e PSDB.

Alguns nomes já são praticamente certos no primeiro escalão, a começar pelo coordenador da campanha e ex-vice-governador Guilherme Afif, do PSD. O médico Eleuses Paiva, que ajudou no programa de saúde, é cotado para assumir a pasta. Rafael Benini, que já atuou na Agência de Transporte do Estado de São Paulo e no Ministério da Infraestrutura, é outro nome que já circula como potencial escolhido.

HADDAD

Passados exatos dez anos de sua estreia eleitoral, o petista Fernando Haddad encerra esta eleição com sua terceira derrota consecutiva. Mais uma vez, o PT não conseguiu aval para comandar o Estado mais rico do País. O alento é que nunca um candidato do partido chegou tão perto.

Com 99,85% das urnas apuradas, o ex-ministro da Educação marcou 44,74%% dos votos válidos e venceu na capital paulista, que governou de 2013 a 2016, e na Grande São Paulo. Ele ainda recuperou o chamado "cinturão vermelho", cidades da Grande São Paulo, e abre uma perspectiva mais favorável à esquerda nas eleições de 2024.

"Fiquei feliz em ver o mapa da capital de SP todo vermelhinho. Nós tivemos vitórias em bairros que nunca ganhamos", afirmou Haddad. "Agradeço o interior de São Paulo porque o interior veio conosco em grande medida, muita gente do interior jamais apertou 13 na vida e nessa eleição apertou. É o começo de um namoro. Vamos conquistar esse povo."

O petista comemorou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que o presidente eleito "vai cativar os 49% que não votaram nele".

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