Brasil

"Ninguém aguenta mais tanto roubo", disse Geddel em 2015

Ontem (6), a PF apreendeu em um apartamento em Salvador, no bairro da Graça, apontado como bunker do Geddel, uma fortuna de R$ 51 milhões

Geddel: o ex-ministro está em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica (Ueslei Marcelino/Reuters)

Geddel: o ex-ministro está em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de setembro de 2017 às 17h10.

Última atualização em 8 de setembro de 2017 às 08h03.

São Paulo - O ex-ministro Geddel Vieira Lima (Governo Michel Temer) foi às ruas em 2015 em ato contra corrupção.

Taxativo, disse, na ocasião à 'TV do Servidor Público (TVSP)': "ninguém aguenta mais tanto roubo".

Naquela época, Dilma Rousseff presidia o País.

"O mesmo que todo cidadão brasileiro que está indo para as ruas, dizer que basta, que chega. Não se suporta mais um governo tão incompetente, incapaz de unificar o País, incapaz de nos tirar dessa crise econômica que faz com que o assalariado tenha seu salário comido pela inflação, com desinvestimento, obras públicas que não avançam, um país que se desorganizou, perdeu respeitabilidade", afirmou. "E dizer que chega, ninguém aguenta mais tanto roubo, isso deixou de ser corrupção, isso é roubo, é assalto aos cofres públicos para enriquecer os petistas."

Geddel foi ministro da Integração Nacional do Governo Lula e vice-presidente da Caixa Econômica Federal no Governo Dilma. O repórter pergunta o que mudou da gestão Lula para Dilma.

"Primeiro que a gente vai descobrindo as coisas, né? Da mesma forma que o povo brasileiro. É sempre bom lembrar que a presidente até pouco tempo tinha mais de 50%, 60% de apoio, chegou a ter 67%. O povo muda, da mesma forma a gente descobre, a gente vê que como é que as coisas são", disse na ocasião.

"Isso é como um casamento. Você quando casa imagina que é para a vida inteira. As circunstâncias e a vida vão mostrando que as pessoas tinham defeitos que você não conheceu antes. Portanto, o que eu vi é que o PT tinha um projeto de poder exclusivamente, um projeto para eles, um projeto sustentado na corrupção, no roubo do dinheiro público e não dava para continuar nessa estrutura."

Nesta terça-feira, 5, a Polícia Federal apreendeu em um apartamento em Salvador, no bairro da Graça, apontado como bunker do Geddel, uma fortuna de R$ 51 milhões. O dinheiro estava em malas e caixas no imóvel.

Foram apreendidos R$ 42.643.500,00 e US$ 2.688.000,00. O dinheiro será depositado em uma conta judicial.

O valor em dólar foi convertido para real e chegou a R$ 8.387.366,40. Foi usada a cotação de venda desta segunda pelo Banco Central - 1 dólar = 3,1203 reais.

O dinheiro foi apreendido na Operação Tesouro Perdido, nova fase da Cui Bonno?. A ação foi autorizada pela 10.ª Vara Federal de Brasília.

Ele está em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica. O ex-ministro foi preso em 3 de julho e mandado para casa em 12 de julho.

A investigação é conduzida pelo delegado Marlon Oliveira Cajado que, nas últimas semanas ouviu, entre outras pessoas, o corretor Lúcio Bolonha Funaro. Um outro depoimento de Funaro já havia resultado na prisão de Geddel.

Em depoimento à Procuradoria da República em Brasília, Funaro disse ter entregue "malas ou sacolas de dinheiro" ao ex-ministro. O corretor declarou ter feito "várias viagens em seu avião ou em voos fretados, para entregar malas de dinheiro para Geddel".

"Essas entregas eram feitas na sala VIP do hangar Aerostar, localizada no aeroporto de Salvador/BA, diretamente nas mãos de Geddel", declarou Funaro.

Em agosto, Geddel se tornou réu por obstrução de Justiça. O ex-ministro teria atuado para evitar a delação premiada do corretor Lúcio Funaro, que poderia implicá-lo em crimes de corrupção na Caixa Econômica Federal.

Acompanhe tudo sobre:cedulas-de-dinheiroCorrupçãoDinheiroGeddel Vieira LimaImpeachment de Dilma RousseffPolítica no BrasilPolíticos brasileiros

Mais de Brasil

Mais de 300 mil imóveis permanecem sem energia em SP após temporal

Debate da Band: Enel, falta de luz e provocações dominam embate civilizado em SP

Funcionário da Enel morre atingido por árvore durante trabalho em SP

Região mais afetada pelo apagão, Zona Sul lidera fila de 42,8 mil pedidos de poda de árvore em SP