Nas favelas, 96% defendem isolamento social contra coronavírus
Levantamento mostrou ainda que 90% dos entrevistados disseram sentir que o governo não está realizando ações eficazes para ajudar mais pobres
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de março de 2020 às 08h39.
Última atualização em 30 de março de 2020 às 08h41.
Os moradores das periferias brasileiras estão muito preocupados com o coronavírus e acreditam que a quarentena é o melhor remédio para combater a pandemia da doença no País. Segundo pesquisa feita pela agência da publicidade Responsa - especializada em ações de marketing para comunidades - mostra que 96% dessa população acredita na eficácia do isolamento social para conter a contaminação.
O levantamento mostrou ainda que 90% dos entrevistados disseram sentir que o governo não está realizando ações eficazes para ajudar os mais pobres nesse momento.
A pesquisa ouviu 525 pessoas de várias partes do Brasil, com 40% de concentração em São Paulo, entre os dias 25 e 28 de março. Todos os entrevistados pertencem às classes C, D e E.
Segundo o chefe de criação da agência, Samuel Gomes, que vive na Vila Guarani, na zona sul de São Paulo, a preocupação é explicada pela estrutura da vida em comunidades de renda mais baixa. "Todo mundo vive muito junto na periferia - avós, pais, filhos e tios. E sabemos, por enfrentarmos a realidade do SUS e do transporte público, que a transmissão da doença vai afetar principalmente a gente."
O temor da falta de dinheiro e do desemprego também aparece com força no levantamento. Segundo a pesquisa, apenas 52% das pessoas estão trabalhando normalmente ou em home office. O restante se divide entre os que já não trabalhavam (30%), empregados que deixaram de receber salário (11%) e demitidos por causa da crise (4%).
Diante dessa realidade de desencanto com a ajuda oficial, Gomes - conhecido no mercado publicitário como Samuka - diz que as empresas podem ocupar o vácuo de assistência deixado pelo governo.
A pesquisa mostrou que 81% dos entrevistados acreditam que as marcas podem fazer alguma coisa para ajudá-los nesse período de confinamento, seja com doações de alimentos e álcool em gel ou com informações e entretenimento.