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Não se pode "desperdiçar" a crise, dizem ministros

Ontem, no entanto, o governo avisou que encaminhará ao Congresso em 60 dias uma proposta de reforma da Previdência


	Ricardo Berzoini: em sua fala de abertura Berzoini, afirmou a representantes de trabalhadores, aposentados, governo e empresários, que esperava um debate maduro
 (WIKIMEDIA COMMONS)

Ricardo Berzoini: em sua fala de abertura Berzoini, afirmou a representantes de trabalhadores, aposentados, governo e empresários, que esperava um debate maduro (WIKIMEDIA COMMONS)

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 17h12.

Brasília - Na abertura dos trabalhos do Fórum de Debates sobre Emprego, Trabalho e Renda e Previdência Social, nesta quarta-feira, 17, no Palácio do Planalto, em nome da presidente Dilma Rousseff, ministros destacaram o momento de crise, ressaltaram que o governo está aberto ao diálogo e não trabalha "com prato feito" de propostas para a reforma da Previdência.

Em sua fala de abertura, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou a representantes de trabalhadores, aposentados, governo e empresários, que esperava um debate "maduro" sobre a Previdência.

"Não há por parte do governo nenhum prato feito, não há nenhuma proposta a priori, o que há é um conjunto de visões sobre o que precisamos tratar com maturidade para alcançar um resultado positivo", disse.

Ontem, no entanto, o governo avisou que encaminhará ao Congresso em 60 dias uma proposta de reforma da Previdência.

A ideia da presidente Dilma é patrocinar as mudanças no sistema de aposentadoria do País mesmo que não haja consenso entre os integrantes do fórum.

O grupo, criado em maio do ano passado, teve apenas duas grandes reuniões - em setembro e em dezembro. Paralelamente, grupos temáticos de trabalho tentam avançar no debate.

No discurso de abertura, Berzoini fez ainda uma análise sobre o cenário econômico, com mudanças nas condições nacionais e internacionais.

Segundo ele, o País vive uma reorientação das empresas, numa situação delicada do mercado de trabalho.

O ministro ainda avaliou que o atual patamar do câmbio traz mais competitividade, mas gera pressão inflacionária.

Berzoini disse que a situação atual cria um "duplo desafio", com a mudança de paradigma da economia mundial e com o fim próximo do bônus demográfico.

Ele ressaltou que qualquer mudança na Previdência precisa "preservar as conquistas da sociedade". Berzoni pediu ainda aos participantes propostas além do tema da Previdência.

"Queremos fazer um diálogo para criar condições de retomar o ciclo de crescimento."

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, também fez uma saudação em nome de Dilma e repetiu uma frase da presidente de que crises não podem ser desperdiçadas.

"Que saibamos enfrentar os desafios com a sabedoria necessária num momento de tanta dificuldade na economia brasileira e mundial. Como a própria presidente disse, o momento é tão duro e tão difícil para todos nós, que não temos o direito de desperdiçá-lo olhando para nós mesmos", afirmou.

O ministro do Trabalho e Previdência, Miguel Rossetto, fez uma breve fala inicial destacando que o fato de o evento acontecer no Palácio do Planalto reforça a importância do tema para a presidente Dilma. Já o discurso do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, foi fechado à imprensa.

Em reunião com senadores do PT na noite de ontem, Barbosa disse que o governo trabalha na revisão de oito pontos do sistema previdenciário, mas não pontuou quais são.

Entre as medidas estudadas pelo governo está o estabelecimento de uma idade mínima, assim como a equiparação das previdências rural e urbana e das idades de aposentadoria de homens e mulheres.

Queda de braço

Rossetto e Barbosa têm apresentado opiniões divergentes sobre a reforma da Previdência. Enquanto Barbosa quer o envio rápido de uma proposta de reforma ao Congresso, Rossetto diz que não há urgência e rejeita a necessidade de mudanças por conta da recessão.

Mas, segundo interlocutores do Planalto, Barbosa leva vantagem nessa disputa. A posição de Rossetto serviria mais para acalmar os sindicalistas, descontentes com mudanças de benefícios, e fazer "um jogo de cena".

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