Brasil

Não há programa mais transparente que Lei Rouanet, diz ministro da Cultura

"É quase como se estivéssemos voltando ao período das trevas", disse Sérgio Sá Leitão no EXAME Fórum Cultura e Economia Criativa

O ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão no EXAME Fórum Cultura e Economia Criativa 2018 (Flávio Santana / Biofoto/Exame)

O ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão no EXAME Fórum Cultura e Economia Criativa 2018 (Flávio Santana / Biofoto/Exame)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 13h48.

Última atualização em 27 de dezembro de 2018 às 20h39.

São Paulo - O atual ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, defendeu nesta sexta-feira (14) a Lei Rouanet, alvo de ataques durante a campanha eleitoral.

Em coletiva para a imprensa durante o evento EXAME Fórum Cultura e Economia Criativa, ele disse que pode haver outro programa tão transparente quanto a Lei no país, mas não que seja mais.

No entanto, ele acredita que "o ministério falhou em comunicar melhor" os benefícios da lei por falta de dados e celebrou os resultados de um estudo da Fundação Getúlio Vargas divulgado com exclusividade no evento.

O estudo mostra que de cada R$ 1 captado e executado via Lei Rouanet, ou seja, R$ 1 de renúncia em imposto, acabou gerando em média R$ 1,59 na economia local.

Em sua palestra, Leitão definiu como "uma façanha" a ampliação do investimento via Lei Rouanet "neste quadro adverso de crítica generalizada e infundada na maior parte dos casos [da lei] e demonização da cultura, o que é lamentável".

Ele completou que "é quase como se estivéssemos voltando ao período das trevas". Ele destacou que os incentivos tributários para outros setores, como o automotivo, que é maior e o retorno é menos mensurável, sofrem muito menos questionamento da sociedade.

O ministro foi convidado por João Dória e será o secretário da Cultura do governo do estado de São Paulo.

Estrutura ministerial

Em debate após a palestra, o ministro foi questionado por André Lahoz Mendonça de Barros, diretor do grupo EXAME, sobre a mudança de estrutura ministerial já anunciada pelo governo eleito de Jair Bolsonaro.

A Cultura já não terá mais pasta própria, indo para o futuro Ministério da Cidadania e Ação Social onde estará agrupada com Desenvolvimento Social e Esporte.

Leitão diz que não considera exatamente necessário ter pasta exclusiva e que existem referências internacionais na área, como Reino Unido e Coreia do Sul, em que este é o caso.

“Mas eu pessoalmente não considero o arranjo escolhido como o melhor, porque me parece que tenderá a imperar uma visão de desenvolvimento social e esta é apenas uma das dimensões da politica cultural”, disse Leitão.

O ministro acredita que haveria uma sinergia melhor reunindo Cultura, Esporte e Turismo, por exemplo, ou Cultura e Comunicações, como na França.

No entanto, ele disse que o futuro ministro da pasta, Osmar Terra, é um "gestor e politico experiente e capacitado" e que parece estar disposto a manter a estrutura com poucos ajustes e adaptações.

Futuro

Leitão disse que entre as lacunas na Cultura estão um mecanismo de fomento direto, similar ao do Audiovisual, e capacitação técnica de mão-de-obra, o que já havia sido citado em debate anterior.

Ele também pediu ao Legislativo que aprove a Medida Provisória que regula a criação de fundos para gestão de museus: “Se não querem que a tragédia do Museu Nacional se repita, aprovem essa MP”.

Outro problema destacado foi que do ponto de vista tributário, insumos da produção cultural como câmeras e softwares são considerados bens de consumo e não produção e por isso ficam mais caros e prejudicam a competitividade do produtor cultural nacional.

Acompanhe tudo sobre:CulturaEconomia criativaeventos-exameEXAME FórumLei RouanetMinistério da Cidadania e Ação Social

Mais de Brasil

São Paulo tem 88 mil imóveis que estão sem luz desde ontem; novo temporal causa alagamentos

Planejamento, 'núcleo duro' do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

Lula lamenta acidente que deixou ao menos 38 mortos em Minas Gerais: 'Governo federal à disposição'

Acidente de ônibus deixa 38 mortos em Minas Gerais