Nadadores: a batalha pela imagem

Na batalha pelo ouro olímpico, imagem conta, e muito. A maior prova foi dada nesta quinta-feira, quando o comitê organizador dos Jogos do Rio, e os brasileiros em geral, ficaram obcecados com a repercussão internacional da trama dos nadadores americanos no Rio.

No Twitter, a hashtag #LochteGate (em uma referência ao escândalo do Watergate que derrubou o presidente americano Richard Nixon nos anos 1970) permaneceu durante toda a tarde de quinta-feira entre as mais usadas na rede social tanto nos Estados Unidos como no Brasil. Segundo a ferramenta online Hashtracking, foram mais de 1.500 posts sobre o tema, impactando 3,5 milhões de pessoas. Boa parte deles ridicularizou Lochte e celebrou a grandeza e a malandragem carioca.

A obsessão levou a um fato curioso: veículos internacionais tentaram entender a própria obsessão dos brasileiros com sua imagem internacional. A incensada revista americana New Yorker lembrou o mito do complexo de vira-latas, celebrizado por Nelson Rodrigues, e lembrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2009, quando o Rio ganhou o direito de organizar os Jogos, Lula disse que era a prova que o Brasil havia deixado o grupo de países de segunda classe.

Nesse contexto, o evento dos nadadores é de fato importante. No fim, Ryan Lochte e James Feigen foram indiciados por falsa comunicação de crime. Lochte, como se sabe, está nos Estados Unidos. Feigen deu depoimento na noite de ontem, disse que a confusão aconteceu num posto de gasolina e que não sabe por que Lochte inventou as declarações para veículos de imprensa. Depois de quatro horas de depoimento, fez um acordo para pagar uma multa de 35.000 reais e terá seu passaporte liberado.

Mário andrada, diretor de comunicação da Rio 2016, disse que a imagem foi afetada no primeiro dia, mas foi amplamente recuperada pela sequência de fatos. O Comitê Olímpico dos Estados Unidos pediu desculpas e disse que o comportamento dos nadadores é inadmissível e não representa. O Boston Globe disse que lochte manchou a reputação dos Estados Unidos. Após tanta polêmica, era tudo que os brasileiros queriam ouvir.