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Na prisão, José Dirceu mantém "vida criativa e produtiva"

Em carta a amigos, o ex-ministro elogiou o acervo da biblioteca do presídio

José Dirceu: segundo ministro, prisão favorece o cuidado com a saúde (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de abril de 2017 às 10h43.

Preso na Operação Lava Jato desde agosto de 2015, o ex-ministro José Dirceu relatou em longa carta sua rotina no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Grande Curitiba.

Na missiva enviada a amigos, o petista conta a rotina na cadeia, a importância da disciplina, e chega a uma conclusão: diz que “preso primeiro chora, depois chama a mãe e seus santos, e faz remissão direito do condenado de abreviar a pena mediante trabalho, estudo e leitura”.

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“Fora a remissão, o trabalho, a leitura, o estudo e a escrita transformam a prisão em vida produtiva e criativa, além de passar o tempo de maneira útil e agradável”, afirma o ex-ministro, que elogia o acervo da biblioteca do presídio: “Em geral, literatura brasileira e mundial, autoajuda, espiritismo, cristianismo, catolicismo, correntes evangélicas. Nossos clássicos - e outros atuais - estão à disposição”.

Dirceu fala desde de como se ver refletido com a proibição de espelhos - “é preciso usar um prato grande e limpo” - e o quanto a prisão favorece o cuidado com a saúde.

“Bebida, cigarro, gordura, ou é proibido ou não existe simplesmente (...) O preso deve fazer exercícios todos os dias. No meu caso, 71 anos, é light. O importante é manter os músculos lombares fortes.”

Na parte final da carta, o ex-ministro faz críticas à execução penal no Brasil e à “falta de trabalho, de colônias agrícolas e industriais, e de escolas”.

“O mais grave é a incapacidade do Judiciário-MPF e dos juízes frente a um quadro de injustiça e ilegalidade único - 40% dos presos são provisórios, não julgados. A tudo isso, soma-se a superlotação e degradação dos presídios. Fora a corrupção ou mesmo o controle dos presídios pelo crime organizado”, escreve.

Dirceu foi condenado duas vezes na Lava Jato, pelo juiz federal Sérgio Moro: a 20 anos e 10 meses de prisão em um processo e a 11 anos e três meses de prisão em outro.

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