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Mulher de Marielle Franco agradece "rede internacional de afeto"

Vereadora foi morta a tiros de submetralhadora em seu carro, no Estácio, zona central da cidade. O motorista dela, Anderson Gomes, também foi vitimado

Mônica Benício: "O apoio tem sido muito grande. É isso que ajuda a manter a luta, faz com que eu me levante de manhã"O apoio tem sido muito grande. É isso que ajuda a manter a luta, faz com que eu me levante de manhã" (Ricardo Moraes/Reuters)

Mônica Benício: "O apoio tem sido muito grande. É isso que ajuda a manter a luta, faz com que eu me levante de manhã"O apoio tem sido muito grande. É isso que ajuda a manter a luta, faz com que eu me levante de manhã" (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de junho de 2018 às 18h09.

No Dia dos Namorados e por ocasião dos três meses do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), a arquiteta Mônica Benício, sua mulher, divulgou um vídeo feito pela Anistia Internacional em que diz que só consegue manter-se firme na luta por justiça por conta da "rede internacional de afeto" que a cerca. O crime foi no dia 14 de março e segue sem resposta da polícia.

"O apoio tem sido muito grande. É isso que ajuda a manter a luta, faz com que eu me levante de manhã. Dá algum sentido (à vida) saber que existe essa rede de afeto mundial. Toda essa rede está cobrando por justiça, pressionando as investigações. Sobretudo lutando para que não haja mais Marielles", diz Mônica no vídeo, gravado na casa em que vivia com Marielle e a filha da vereadora, Luyara, de 19 anos, na zona norte do Rio.

Ela conta que as duas se conheceram há 14 anos e passaram a se relacionar, com idas e vindas. Ambas cresceram no Complexo da Maré, conjunto de favelas da zona norte do Rio. Mônica disse que chegou a haver certa resistência de tornar o namoro e, depois, casamento público, mas ressalvou: Marielle era "maravilhosa com demonstrações de afeto", compartilhando fotos do casal em suas redes sociais constantemente.

"Ela lutava na causa LGBT, não escondia o relacionamento, reforçava que era um amor legítimo, feliz, que nossas famílias existem. Era a principal forma de ela lutar dentro dessa causa. Todo dia era um dia de resistência, de ficar autoafirmando", declarou Mônica, que desde o assassinato faz aparições públicas em atos em memória de Marielle e em defesa dos direitos individuais.

A vereadora, quinta mais votada em 2016, foi morta a tiros de submetralhadora em seu carro, no Estácio, zona central da cidade. O motorista dela, Anderson Gomes, também foi vitimado pelo ataque. O crime teria motivação política. Marielle era defensora dos direitos humanos, com foco principalmente em mulheres e populações faveladas. A polícia investiga a participação de milicianos no caso, mas não vem divulgando os passos do inquérito.

Uma testemunha (um ex-PM preso por outros crimes) relatou que a execução foi encomendada pelo vereador Marcello Siciliano (PHS). Ele teria envolvimento com milícias da zona oeste. Com suas ações políticas, Marielle teria "atrapalhado" a atuação do grupo em favelas da região. O vereador nega envolvimento.

A família e a Anistia Internacional já se posicionaram cobrando da Secretaria de Segurança Pública um posicionamento público sobre as investigações. A organização reforça que crimes que vitimam defensores de direitos humanos no Brasil tradicionalmente caem no esquecimento, e os culpados ficam impunes.

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