MPE instaura inquérito para apurar ataques contra jornalista
O Ministério Público de São Paulo instaurou procedimento para apurar comentários racistas direcionados à jornalista Maria Júlia Coutinho
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2015 às 21h25.
São Paulo - O Ministério Público do Estado (MPE) informou nesta sexta-feira, 3, que instaurou um procedimento investigatório criminal para apurar os comentários racistas direcionados à jornalista Maria Júlia Coutinho, do "Jornal Nacional", da TV Globo .
"As pessoas acham que estão navegando em um oceano de impunidade, mas já presidi várias investigações (sobre crimes de racismo na internet) e tive sucesso", afirma o promotor de Justiça Criminal Christiano Jorge Santos, que também é professor de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Santos diz que o órgão teve acesso ao caso por meio do controle interno que é feito no MPE e que a investigação logo foi aberta. Ele diz que o fato de a jornalista ser uma figura pública não interferiu no processo. "Para nós, não faz diferença se é conhecida ou não."
O promotor, que é autor do livro "Crimes de Preconceito e de Discriminação", disse que começou a investigar crimes de racismo online em 2004 e que a prática tem crescido nos últimos anos.
"Posso dizer que está crescendo e é um crescimento vertiginoso. Quanto maior o número de pessoas acessando a internet e as redes sociais, maior o número de casos. Mas as pessoas precisam entender que a livre manifestação de pensamento não é absoluta", afirmou o promotor.
Ele diz que as pessoas que fizeram os comentários sobre Maria Júlia podem ser enquadradas nos crimes de racismo e de injúria qualificada. O crime de racismo é imprescritível e inafiançável. Já a injúria qualificada tem pena de um a três anos de reclusão.
Entenda o caso
A jornalista foi alvo de comentários racistas na noite de quinta-feira, 2, na página oficial do telejornal no Facebook . Usuários escreveram posts pejorativos sobre a cor da pele da jornalista em uma publicação que continha a foto dela com a previsão do tempo para esta sexta-feira.
Publicações em defesa de Maria Júlia, também chamada de Maju por colegas de trabalho e telespectadores, logo surgiram após as críticas.
Na tarde desta sexta, um usuário do Twitter postou uma crítica ofensiva à jornalista, que foi rebatida por ela. "Beijinho no ombro", respondeu Maju.
Ainda nesta tarde, o âncora do "Jornal Nacional" William Bonner, a apresentadora Renata Vasconcellos e a equipe do telejornal fizeram um vídeo em resposta aos comentários preconceituosos. Sem citar a polêmica, Bonner falou: "A gente queria dar um recado para vocês. E o recado é esse aqui, ó: 'somos todos Maju'".
Até as 18h10, o vídeo já tinha 44.498 compartilhamentos. A hashtag "SomosTodosMajuCoutinho" ficou em primeiro lugar nos Trend Topics do Twitter.
Em nota, a TV Globo informou que as mensagens racistas contra a jornalista Maria Júlia Coutinho foram retiradas da página do Facebook do "Jornal Nacional". A Globo estuda ainda as medidas judiciais cabíveis para o caso, informou a nota.
São Paulo - O Ministério Público do Estado (MPE) informou nesta sexta-feira, 3, que instaurou um procedimento investigatório criminal para apurar os comentários racistas direcionados à jornalista Maria Júlia Coutinho, do "Jornal Nacional", da TV Globo .
"As pessoas acham que estão navegando em um oceano de impunidade, mas já presidi várias investigações (sobre crimes de racismo na internet) e tive sucesso", afirma o promotor de Justiça Criminal Christiano Jorge Santos, que também é professor de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Santos diz que o órgão teve acesso ao caso por meio do controle interno que é feito no MPE e que a investigação logo foi aberta. Ele diz que o fato de a jornalista ser uma figura pública não interferiu no processo. "Para nós, não faz diferença se é conhecida ou não."
O promotor, que é autor do livro "Crimes de Preconceito e de Discriminação", disse que começou a investigar crimes de racismo online em 2004 e que a prática tem crescido nos últimos anos.
"Posso dizer que está crescendo e é um crescimento vertiginoso. Quanto maior o número de pessoas acessando a internet e as redes sociais, maior o número de casos. Mas as pessoas precisam entender que a livre manifestação de pensamento não é absoluta", afirmou o promotor.
Ele diz que as pessoas que fizeram os comentários sobre Maria Júlia podem ser enquadradas nos crimes de racismo e de injúria qualificada. O crime de racismo é imprescritível e inafiançável. Já a injúria qualificada tem pena de um a três anos de reclusão.
Entenda o caso
A jornalista foi alvo de comentários racistas na noite de quinta-feira, 2, na página oficial do telejornal no Facebook . Usuários escreveram posts pejorativos sobre a cor da pele da jornalista em uma publicação que continha a foto dela com a previsão do tempo para esta sexta-feira.
Publicações em defesa de Maria Júlia, também chamada de Maju por colegas de trabalho e telespectadores, logo surgiram após as críticas.
Na tarde desta sexta, um usuário do Twitter postou uma crítica ofensiva à jornalista, que foi rebatida por ela. "Beijinho no ombro", respondeu Maju.
Ainda nesta tarde, o âncora do "Jornal Nacional" William Bonner, a apresentadora Renata Vasconcellos e a equipe do telejornal fizeram um vídeo em resposta aos comentários preconceituosos. Sem citar a polêmica, Bonner falou: "A gente queria dar um recado para vocês. E o recado é esse aqui, ó: 'somos todos Maju'".
Até as 18h10, o vídeo já tinha 44.498 compartilhamentos. A hashtag "SomosTodosMajuCoutinho" ficou em primeiro lugar nos Trend Topics do Twitter.
Em nota, a TV Globo informou que as mensagens racistas contra a jornalista Maria Júlia Coutinho foram retiradas da página do Facebook do "Jornal Nacional". A Globo estuda ainda as medidas judiciais cabíveis para o caso, informou a nota.