Brasil

MP investiga Villa Mix por suspeita de discriminação

No inquérito, há relatos de pessoas que disseram ter sido barradas porque "não faziam o perfil da casa" e "não eram bonitas o suficiente"


	A suspeita que recai sobre o Villa Mix é de que a balada só permite a entrada de pessoas no local depois de análise da cor da pele, classe social e beleza
 (Reprodução/ site do Villa Mix/Reprodução)

A suspeita que recai sobre o Villa Mix é de que a balada só permite a entrada de pessoas no local depois de análise da cor da pele, classe social e beleza (Reprodução/ site do Villa Mix/Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2015 às 18h31.

São Paulo - O Ministério Público do Estado de São Paulo instaurou nesta semana inquérito civil para investigar se a casa noturna Villa Mix pratica discriminação racial, social e estética.

A empresa deverá prestar esclarecimentos à Promotoria de Direitos Humanos e Inclusão Social em até 20 dias sobre fatos relatados por testemunhas e vítimas dos supostos casos de discriminação.

Foi requisitado à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) que instaure inquérito policial para também apurar a veracidade dos depoimentos.

A suspeita que recai sobre o Villa Mix é de que a casa noturna só permite a entrada de pessoas no local depois de análise da cor da pele, classe social e beleza.

No inquérito, há relatos de pessoas que disseram ter sido barradas porque "não faziam o perfil da casa" e "não eram bonitas o suficiente", e outras que ouviram: "pode ir embora que aqui não é o seu lugar". A casa negou que pratique discriminação.

A promotora de Justiça Beatriz Helena Budin Fonseca acredita que a discriminação por parte de funcionários tenha ocorrido repetidas vezes.

"A análise dos documentos juntados demonstra a prática reiterada de discriminação racial, social e estética por parte da representada. Essa escolha de ‘quem entra e quem não entra’ tem a função de segregar e marcar a divisão entre pessoas que, embora morem na mesma cidade, não possuem a mesma classe social, a mesma cor de pele, o mesmo peso, ou a mesma beleza considerada como ideal pela representada."

De acordo com a promotora, a prática fere princípios previstos na Constituição.

"É evidente que a mencionada prática é discriminatória e fere os princípios constitucionais da igualdade e da dignidade da pessoa humana. Considerando que a Constituição Federal erige a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República brasileira. Considerando que a República Federativa do Brasil possui como objetivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e solidária (...). Diante desta situação, não pode o Ministério Público omitir-se."

Intimação

Em nota, o Villa Mix informou que até o momento não foi citado para responder qualquer inquérito perante o Ministério Público.

"Dessa forma, o Villa Mix no momento em que receber a intimação do mesmo, apresentará a sua defesa e as provas necessária para por termo a discussão. Demonstrando que age e sempre agiu, de acordo com os princípios da legalidade e da boa-fé."

A casa considerou "absurdas" as denúncias.

"A casa não pratica nenhum crime de discriminação, como absurdamente alegado, tanto que há freqüentadores de todas as raças, estaturas, idades e etnias. Ocorre que, a casa trabalha de acordo com seu alvará de funcionamento, a fim de que todos tenham um ambiente confortável para assistir os shows oferecidos e momentos agradáveis de diversão, com segurança. Deve-se instar ainda que pelo alto padrão de qualidade oferecido, nos dias que o estabelecimento está em funcionamento, sua lotação é muito rápida e assim não há como atender a todos os que procuram a sua prestação de serviços."

"Alta sociedade"

No Facebook, uma página intitulada "Boicote ao Villa Mix" tem 13 mil curtidas. A descrição aponta que "a página surgiu com o intuito de divulgar relatos de pessoas que já foram discriminadas na balada Villa Mix. Queremos o fim dessa discriminação opressora!".

Em seu site oficial, a casa noturna alerta ser proibida a entrada de pessoas com "boné, chapéu, gorro, toca, regata, camisa de times e torcidas, mochila, correntes, chinelo, sandália rasteirinha, sandália aberta, tênis (feminino), bermuda e calça capri, camiseta de fã clubes, adereços, cartazes e faixas".

A empresa se classifica como "casa noturna premium sertaneja da capital" e "ponto de encontro entre celebridades, artistas, músicos e da alta sociedade paulistana".

Acompanhe tudo sobre:Baladascidades-brasileirasJovensJustiçaMetrópoles globaisMinistério PúblicoPreconceitosRacismosao-paulo

Mais de Brasil

Mais de 600 mil imóveis estão sem luz em SP após chuva intensa

Ao lado de Galípolo, Lula diz que não haverá interferência do governo no Banco Central

Prefeito de BH, Fuad Noman vai para a UTI após apresentar sangramento intestinal secundário

Veja os melhores horários para viajar no Natal em SP, segundo estimativas da Artesp