Gim Argello: segundo as investigações, os funcionários da FAP orientavam os candidatos escolhidos pelo PTB a montar projetos para bolsas de pesquisa voltadas à Copa de 2014 (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2013 às 22h22.
Brasília - Uma investigação do Ministério Público e da Polícia Civil do Distrito Federal indica participação do senador Gim Argello (PTB-DF) num esquema fraudulento de concessão de bolsas de estudo.
Reportagem da revista Época diz que funcionários da Fundação de Amparo à Pesquisa (FAP), órgão vinculado ao governo de Brasília e controlado pelo partido do parlamentar até o ano passado, favoreciam em processos de seleção candidatos indicados por petebistas, entre eles Argello.
Os envolvidos foram flagrados em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Num dos diálogos, de 26 de outubro do ano passado, Gustavo Tamm, ex-funcionário da FAP e filiado ao PTB, citaria Argello como um dos mandantes das fraudes.
"Não dá para esconder aquele esquema ali...Onde é que houve uma coisa de diferente ali? Na seleção. Quem selecionou foi a Vera, a mando do Renato, do senador", diz trecho da conversa, reproduzido por Época.
Conforme a revista, nas investigações, a polícia e o MP concluíram que o senador citado é Argello. Vera é uma funcionária da FAP e Renato, o ex-presidente do órgão, filiado ao PTB e ligado ao parlamentar.
Segundo as investigações, os funcionários da FAP orientavam os candidatos escolhidos pelo PTB a montar projetos para bolsas de pesquisa voltadas à Copa de 2014.
Elas rendiam de R$ 2,5 mil a R$ 6 mil mensais. A nomeação se daria num processo de cartas marcadas. Numa planilha apreendida pela Polícia Civil, constariam nomes de beneficiados, ao lado das iniciais dos padrinhos. O deputado distrital Cristiano Araújo (PTB), aliado de Argello, seria um deles.
Afastado do cargo em setembro de 2012, o ex-presidente da FAP procurou Argello e se reuniu com ele, segundo Época, para conseguir um emprego na administração federal. Entre as opções estariam cargos no BRB, banco do governo do DF, e na Petrobrás. "Isso aí é filé demais", teria comentado Renato sobre a oportunidade na estatal.
Conforme a reportagem, a Polícia Civil indiciou dez pessoas por formação de quadrilha e fraude em licitação. A Justiça remeteu o caso ao Ministério Público, que avalia se apresenta denúncia contra os envolvidos. Se entenderem que há elementos suficientes contra Argello, os procuradores devem remeter o inquérito à Procuradoria-Geral da República (PGR), pois, como senador, ele tem foro privilegiado e só responde a processos criminais no Supremo Tribunal Federal (STF).
A assessoria de Argello negou nesta sexta envolvimento dele no caso. Segundo o gabinete, o senador não tem conhecimento do esquema e nunca conversou com os envolvidos sobre a indicação de candidatos para bolsas. A reportagem não localizou o deputado Cristiano Araújo e Renato Rezende. À revista, eles negaram participação nas irregularidades.